“É muito difícil ser presidente de Câmara e ao fim de três anos, nós não termos um tusto de fundos, um tusto”, exclamou Rui Moreira, à margem de uma visita que realizou esta tarde às obras de reabilitação urbana que decorrem na ‘ilha’ da Bela Vista, um bairro de habitação social típico do Porto que remonta ao século XIX.
Rui Moreira declarou ser “evidente” que se o Porto tivesse recebido fundos comunitários “outro galo cantaria, as coisas seriam mais rápidas, seriam diferentes”.
“Mas a gente, como todos nós remediados que somos, temos que viver com o que temos, não podemos esperar outra coisa”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas sobre se ainda acreditava que haveria fundos comunitários para recuperar algumas das ‘ilhas’ no Porto, Rui Moreira fez um silêncio durante cerca de um minuto e, depois, quando os jornalistas admitiam já que o autarca não iria comentar, Rui Moreira recordou que em 2013 tinha falado de fundos comunitários e, na altura, recorda que “não tinha sido entendido”.
“Eu na altura disse uma coisa – Espero não ter razão -, infelizmente passaram três anos e estou carregado de razão que é uma coisa que é muito infeliz. A maior infelicidade que eu tenho é ter razão relativamente aos fundos comunitários”, declarou esta tarde o autarca, sublinhando, todavia, que a obra na ‘ilha’ da Bela Vista “cabe nos recursos que a Câmara tem”.
“A Câmara Municipal do Porto tem de fazer opções, mas a Câmara tem uma situação financeira, que também nós já herdámos, mas que temos mantido saudável, que nos permite fazer este tipo de obras”, disse.
O presidente da Câmara do Porto referiu que era “ pena” não ter ainda recebido um “tusto” porque, segundo o próprio, “aquilo que nos tinha sido prometido neste Quadro Comunitário era diferente”.
“Lembro-me de, ainda antes de ter tomado posse, o então secretário de Estado dizer-me no Porto, e foi no Porto que ele disse, que iria haver tanto dinheiro para a reabilitação urbana que provavelmente as cidades não teriam capacidade de acompanhar as verbas que iriam ser disponibilizadas”.
Rui Moreira observou que o facto de ainda não ter recebido “um tusto” até esta altura deve ser “primeira vez que acontece desde que Portugal entrou para a União Europeia”.
“Mas não é por isso que nós vamos desistir com certeza. Vamos continuar e sabemos que a população compreende e também tem paciência. Acho que a população do Porto tem sido muito paciente e isso eu agradeço”, acrescentou.
A Domus Social, o dono da obra de reabilitação e regeneração urbana da ‘ilha’ da Bela Vista, tem um ‘placard’ à frente da empreitada a informar que o custo é de “804 mil euros”.
A ‘ilha’ da Bela Vista vai ter um total de 35 casas de habitação social, estando previsto para “março ou abril de 2017” que sejam entregues 22 casas, e 13 delas vão ser entregues já no próximo mês de setembro.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia assinou a 12 de agosto o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) num valor total de 31,5 milhões de euros até 2020, mas os municípios de Gondomar, Matosinhos e Porto ainda não o fizeram.
Fonte da Câmara Municipal do Porto disse à Lusa, na altura, que o PEDU ainda não tinha assinado, mas que o assunto estaria a ser tratado com o presidente da CCDR-N e no "bom caminho".
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