“O país com um incumprimento mais elevado no pagamento das suas quotas nestes últimos tempos são os Estados Unidos. A sua dívida ao orçamento da ONU já superou os 1.000 milhões de dólares [cerca de 910 milhões de euros]”, informou o Ministério liderado por Serguei Lavrov, para acrescentar que são evidentes “as intenções de Washington em prejudicar o trabalho da Organização”.

Citado pela agência EFE, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo acrescentou que esta pressão financeira se soma à “política imprevisível e preconceituosa” dos EUA na concessão de vistos aos membros das delegações.

Neste contexto fez referência às situações em que as autoridades norte-americanas demoram ou recusam conceder vistos a diplomatas russos que pretende participar em atividades da Organização das Nações Unidas.

O Ministério russo referiu, por outro lado, que Moscovo tem cumprido dentro do prazo e integralmente com os pagamentos das suas quotas no orçamento da ONU, e lançou o repto a que todos os demais países membros da ONU exerça “autodisciplina orçamental”.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ordenou medidas que vão “afetar as condições de trabalho e as operações” da organização, devido às dificuldades financeiras que está a enfrentar, e que entram em vigor na segunda-feira.

Entre as medidas decididas por António Guterres estão o cancelamento de reuniões, a paragem das escadas rolantes, limitações em viagens oficiais, divulgação de documentos adiada ou ar condicionado e aquecimento reduzidos.

Estas ações vão ser aplicadas nas instalações das Nações Unidas e nas suas operações em todo o mundo, de modo a enfrentar a pior crise financeira das Nações Unidas em quase uma década.

António Guterres disse, numa carta aos chefes de todas as entidades da ONU, que as medidas de emergência “vão afetar as condições e operações de trabalho até novas informações”.

O secretário-geral da ONU alertou no início da semana que a organização internacional pode ficar sem dinheiro até ao final deste mês, afirmando que estão a ser consideradas medidas para garantir o pagamento de salários até ao final do ano.

Guterres admitiu que o orçamento operacional da ONU regista, desde finais de setembro, um défice financeiro na ordem dos 230 milhões de dólares (cerca de 209 milhões de euros) e que “as últimas reservas de tesouraria podem esgotar até ao final do mês”.