A mesma informação refere que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o seu homólogo, a ministra Marie-Noelle Koyara, assinaram o acordo de parceria à margem de exposição internacional de armamento Army-2018, na zona de Moscovo, capital da Rússia.
O acordo "irá permitir fortalecer as ligações na esfera da defesa", afirmou Shoigu no final da cerimónia.
Moscovo assumirá desta forma um maior envolvimento na RCA, cujo Governo tenta reforçar as suas forças armadas na luta contra grupos que controlam a maioria do território do país.
Não foram avançados detalhes, mas a agência russa Interfax apontou que o acordo envolveria o treino das Forças Armadas da República Centro-Africana.
O ministro-adjunto da Defesa da Rússia, Alexander Formin, considerou que o acordo vai permitir ao pessoal da FACa estudar nas universidades do Ministério da Defesa, adiantou ainda a Interfax.
Vários conselheiros russos já colaboram com as forças centro-africanas, nomeadamente na proteção do Presidente Faustin-Archange Touadera.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou várias sanções contra a RCA, incluindo a proibição da exportação de armas para aquele país africano.
França, Bélgica, China e os Estados Unidos da América terão também fornecido armamento às forças militares da RCA.
O acordo de cooperação entre os dois países surge no rescaldo do homícidio, no final de julho, de três jornalistas russos, numa emboscada na RCA.
As vítimas investigavam o grupo militar privado russo Wagner e as suas ligações ao Governo de Moscovo e a forças rebeldes.
Tanto as autoridades centro-africanas como Moscovo consideraram as mortes consequência de um roubo, versão criticada por vários grupos e personalidades ativistas dos direitos humanos.
Desde o início de 2018 que a Federação Russa deslocou instrutores militares para a RCA, tendo ainda fornecido armas às forças armadas. Além de garantir a segurança do Presidente Faustin-Archange Touadéra, o conselheiro de segurança é também um russo.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do afastamento do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos reunidos na designada Séléka (que significa coligação, na língua local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka, levando então à intervenção de uma força das Nações Unidas, no terreno desde 2014.
O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadera, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território. O restante é dividido por mais de 15 milícias, que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
O conflito na RCA, que tem o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
Portugal está presente no país desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).
No início de julho, soube-se que o major-general do Exército português Marco Serronha vai assumir o cargo de 2.º comandante da MINUSCA.
A que já é a 3.ª Força Nacional Destacada Conjunta, composta por 159 militares, dos quais 156 do Exército, sendo 126 paraquedistas, e três da Força Aérea, iniciou a missão em 05 de março de 2018 e tem a data prevista de finalização no início de setembro deste ano.
Estes militares compõem a Força de Reação Rápida da MINUSCA, têm a base principal na capital, junto ao aeroporto, e já estiveram envolvidos em quase duas dezenas de confrontos com os rebeldes.
Portugal também integra a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.
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