Questionado numa conferência de imprensa na ONU sobre a possível vitória eleitoral de Trump, o chefe da diplomacia russa garantiu que Moscovo está “pronto para trabalhar com qualquer líder que o povo americano escolher”, mas sublinhou que deve ser na base do respeito mútuo.
Lavrov lembrou que durante a anterior administração Trump “houve um diálogo constante, apesar das gravíssimas sanções” que os EUA impuseram à Rússia, e sublinhou que este diálogo “é útil em todos os casos”.
Questionado sobre o companheiro de corrida eleitoral de Donald Trump, o senador J.D. Vance, um feroz opositor à ajuda norte-americana à Ucrânia, Lavrov saudou as suas posições.
“Ele é a favor da paz, de parar a ajuda prestada, e só podemos saudar isso, porque o que precisamos é parar de encher a Ucrânia de armas e a guerra irá parar”, frisou.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
Ainda sobre a guerra, Serguei Lavrov considerou hoje que as abordagens formuladas pelos organizadores de uma eventual nova cimeira suíça sobre a Ucrânia são inaceitáveis para a Rússia, uma vez que reproduzem o plano do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, rejeitado pelo lado russo.
“Ao abordarem o que vão fazer [numa futura cimeira na Suíça], todos formularam abordagens unilaterais, absolutamente inadmissíveis para nós e para muitos outros que estão sinceramente interessados na paz”, destacou, na mesma conferência de imprensa.
Lavrov acrescentou que o Ocidente procura “impor a todo o custo o chamado plano Zelensky, que é uma espécie de ultimato muito óbvio”.
O chefe da diplomacia russa comentou desta forma as recentes palavras do Presidente ucraniano, que afirmou ser a favor da participação da Rússia na segunda edição da Cimeira da Paz promovida por Kiev, que realizou a sua edição inaugural em meados de junho na Suíça sem representação russa, que não foi convidada.
O ministro russo reiterou que Moscovo está disponível para negociações sobre a Ucrânia e as questões de segurança europeias, mas enumerou todos os acordos anteriores alcançados desde 2014 até à data, que segundo Lavrov foram arruinados pelo Ocidente.
“Tendo em conta a triste experiência de negociações e consultas com o Ocidente e os ucranianos, iremos rever minuciosamente todos os pontos do acordo sobre a segurança europeia que espero que um dia seja alcançado”, alertou.
Moscovo vai incluir neste documento pontos “que evitam interpretações maliciosas e contrárias ao consenso”, como as que frustraram os acordos anteriores entre a Rússia e o Ocidente, segundo o chefe da diplomacia russa.
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