A organização não-governamental (ONG) considera que os acontecimentos ocorridos na altura em Kramatorsk podem constituir um “crime de guerra” e que os comandantes russos que ordenaram o ataque devem ser “investigados e responsabilizados”.
Num relatório hoje divulgado, acompanhado de um vídeo, a HRW faz uma reconstituição dos factos ocorridos em 08 de abril de 2022, quando um ataque russo visou uma estação ferroviária em Kramatorsk, numa altura em que cerca de 500 pessoas esperavam no cais de embarque.
O ataque foi feito com um míssil balístico equipado com uma ogiva de munição de fragmentação (‘cluster’), que explodiu e lançou dezenas de bombas, ou submunições, que mataram pelo menos 58 civis e feriram mais de uma centena, segundo a investigação da ONG.
“O terrível e ilegal ataque da Rússia à estação ferroviária de Kramatorsk matou e feriu civis que tentavam desesperadamente fugir dos combates”, disse Richard Weir, investigador de crises e conflitos da HRW.
“Os efeitos brutais das munições ‘cluster’ em multidões devem ser um alerta para que as forças russas parem de usar essas armas proibidas”, defendeu o investigador.
Especialistas desta ONG visitaram Kramatorsk, na região de Donetsk, em maio, para investigar o ataque e as suas consequências, para além de reverem imagens de satélite fornecidas pelas autoridades ucranianas.
De acordo com o relatório hoje divulgado, o míssil balístico explodiu sobre a estação ferroviária libertando dezenas de bombas que detonaram quando atingiram o solo, matando e ferindo dezenas de pessoas, incluindo crianças e idosos.
Um motorista de ambulância, que chegou ao local do ataque minutos depois das explosões, relatou um cenário de caos, com “muito choro” e “gritos lancinantes” por parte das vítimas.
A HRW analisou fotografias do motor do míssil e identificou a arma como sendo um míssil balístico Tochka-U da série 9M79K-1.
A ogiva da munição ‘cluster’ contém 50 submunições de fragmentação, que libertam aproximadamente 15 mil pedaços de metal letais.
A Rússia negou ter atacado a estação ferroviária de Kramatorsk e afirma repetidamente que as suas forças não utilizam o sistema de mísseis Tochka-U.
Na investigação hoje conhecida, a HRW afirma que encontrou provas de que as forças russas tinham veículos de lançamento Tochka, que estavam situados perto da vila de Kunie, a noroeste de Kramatorsk.
As munições de fragmentação são proibidas pelo Direito Internacional devido ao seu efeito indiscriminado generalizado e pelo perigo a longo prazo para os civis.
Nem a Rússia nem a Ucrânia estão entre os 110 países que fazem parte da Convenção sobre Munições de Fragmentação, que proíbe de forma abrangente as munições ‘cluster’.
A Convenção sobre Munições de Fragmentação, também conhecida como Convenção de Oslo, está em vigor desde agosto de 2010.
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