
"Vejo com muita preocupação, a União Europeia já emitiu uma declaração, concertada entre todos, incluindo Portugal, que é muito clara ao condenar a atitude inamistosa das autoridades venezuelanas", disse Santos Silva à Lusa, à margem de um Fórum Empresarial entre Portugal e o Vietname, que decorre esta tarde em Lisboa.
"Não compreendemos os fundamentos da decisão porque é muito importante preservar os canais diplomáticos, devem ser os últimos a ser abandonados porque permitem a comunicação e a troca de informações mesmo quando há diferendos que nos separam", vincou o ministro.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, é preciso "insistir na necessidade de continuar a desenvolver diálogo político na Venezuela porque só há uma solução para superar as dificuldades económicas e sociais, que é superar o atual impasse político".
Isso significa, acrescentou, "que todas as instituições sejam respeitadas nas suas competências e por haver eleições organizadas com tempo e regras de organização e supervisão em que todas as partes se reconheçam".
Questionado sobre a realização das eleições presidenciais até ao próximo dia 30 de abril, uma iniciativa que mereceu a crítica dos ministros dos Negócios Estrangeiros da América Latina, o chamado 'Grupo de Lima', Santos Silva mostrou-se crítico.
"É uma decisão precipitada, marcada por uma instituição que não reconhecemos, a Assembleia Constituinte, e pensamos que a fixação do 'timing' e das regras de organização e de supervisão da próxima eleição deveria ser objetivo de diálogo e acordo político entre as partes", destacou.
O Governo espanhol decidiu hoje declarar 'persona non grata' o embaixador da Venezuela em Madrid, em “estrita aplicação do principio de reciprocidade, depois de o regime de Nicolás Maduro ter feito o mesmo com o embaixador espanhol.
Madrid “lamenta a decisão” adotada na quinta-feira pela Venezuela de expulsar o embaixador de Espanha nesse país, mas “perante medidas desta dimensão” teve de responder “de forma proporcional”, disse o ministro porta-voz do executivo, Íñigo Méndez de Vigo, em conferência de imprensa.
Segundo este responsável, a Espanha deseja manter com a Venezuela “relações de respeito, amizade e cooperação”, mas as decisões adotadas pelo Governo de Nicolás Maduro “tornam difícil que isso se verifique”.
As autoridades de Caracas declararam na quinta-feira ‘persona non grata’ o embaixador espanhol em Caracas, referindo que o seu país cometeu "agressões contínuas" contra o Governo do Presidente venezuelano, Nicolas Maduro.
"A Venezuela informa a comunidade internacional de que decidiu declarar ‘persona non grata’ o embaixador do Reino da Espanha na Venezuela (…) em virtude da contínua agressão e repetidos atos de interferência nos assuntos internos do nosso país", segundo uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano.
Na quarta-feira, o Governo venezuelano havia chamado o seu embaixador em Madrid, após as sanções adotadas pela União Europeia contra sete altos funcionários venezuelanos, nomeadamente o congelamento de ativos e a proibição de vistos para a UE.
Caracas acusa o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, de ser um dos principais responsáveis por essas medidas.
As relações entre Espanha e Venezuela estão tensas desde a eleição do Presidente Hugo Chávez (1999-2013), que morreu em 2013, tendo subido ao poder posteriormente o seu afilhado político Nicolás Maduro.
Em dezembro, a Venezuela teve a mesma atitude em relação aos embaixadores do Brasil e Canadá, que posteriormente tomaram medidas idênticas em relação os embaixadores venezuelanos nos seus respetivos países.
A União Europeia já condenou, hoje, “firmemente” a decisão das autoridades venezuelanas de declarar ‘persona non grata’ o embaixador espanhol e instou Caracas a revertê-la, para manter os canais diplomáticos abertos.
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