A notícia não é de hoje e diz respeito à utilização de um medicamento para a diabetes tipo II que é subscrito indevidamente a pessoas que desejam perder peso. O aviso já foi feito por múltiplas entidades para que o uso indevido deste medicamento não fosse feito, porém de acordo com novos dados do mercado obtidos pelo jornal Expresso praticamente todas as embalagens dispensadas nas farmácias foram receitadas com comparticipação e que o SNS pagou 90% dos 120 euros.

Recorde-se que este medicamento tem o apoio do Estado desde março de 2021 porém só no final do ano passado começaram as preocupações com o seu uso indevido. A principal preocupação prende-se com o facto de que quando é passada a receita para este medicamento esta não distingue as indicações para o seu uso, e por esse motivo a utilização para perder peso também usufrui de um desconto apesar de não ser a terapêutica recomendada.

O jornal sublinha que o Ministério da Saúde e o Infarmed pediram rigor aos médicos ao efetuar as receitas e instalaram um alerta (pop-up) no sistema informático, que pergunta ao médico se tem a certeza que o doente tem diabetes tipo II e um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35. Porém, cruzando o número de embalagens vendidas indicados pelo laboratório com as comparticipações dadas pelo Infarmed, é possível perceber que pelo menos desde janeiro do ano passado o receituário mantém o padrão, avança o semanário.

Sabe-se ainda que o SNS suporta mais de 90% das dispensas do medicamento, apesar de no final de novembro ter existido uma ligeira redução nas comparticipações, algo que não se manteve nos meses seguintes.

O jornal sublinha que em termos financeiros, o semaglutido custou ao SNS 27,3 milhões de euros em 2022 e 6,4 milhões de euros só nos primeiros três meses deste ano.

Destaca-se que nem o Infarmed, nem a Administração Central do Sistema de Saúde sabem se as atuais prescrições comparticipadas já só incluem a diabetes tipo II. Sabe-se também que o laboratório reforçou o abastecimento e só em março foram comercializadas 27.252 embalagens, valor apenas ultrapassado entre maio e julho do ano passado, com mais de 29 mil, aponta o Expresso.