A eleição decorrerá no âmbito do VIII congresso da tendência sindical socialista (TSS), que se realiza em Lisboa e é marcado pela novidade de existirem duas candidaturas.
A sessão de abertura do congresso, ao início da manhã, contará com as intervenções do atual secretário-geral da TSS/UGT, Carlos Silva, e do secretário-geral adjunto do Partido Socialista, José Luís Carneiro.
A sessão de encerramento decorrerá a meio da tarde, depois de encerradas as urnas e divulgados os resultados, e contará com a intervenção do novo secretário-geral da TSS/UGT e da presidente do grupo parlamentar do Partido Socialista, Ana Catarina Mendes.
José Abraão e Mário Mourão comparecem ao congresso com otimismo quanto aos resultados das respetivas candidaturas após os muitos contactos feitos nas últimas semanas com estruturas sindicais da UGT de todo o país e setores de atividade.
José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e da Federação Sindical da Administração Pública (Fesap) desde 2013, disse à agência Lusa que conta com os apoios formais dos socialistas do Mais Sindicato, ex-Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, e do Sindicato dos Trabalhadores dos Escritórios e Serviços (Sitese).
Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), ex-Sindicato dos Bancários do Norte, desde 2005, também tem tido contactos e reuniões e disse que conta com o apoio, entre outros, do Sindicato Nacional da Indústria e da Energia (Sindel) e do Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (Sindetelco).
O secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública anunciou dia 16 de setembro que se ia candidatar à liderança da UGT, em carta aos dirigentes das estruturas sindicais da central, apelando à unidade, em prol da qual pretende trabalhar.
José Abraão, que já tinha manifestado a sua disponibilidade para se candidatar quando, há cerca de ano e meio, Carlos Silva reafirmou que não se recandidataria à liderança da UGT, quer renovar e aprofundar o projeto sindical da central, promover a unidade interna e a aproximação aos trabalhadores nos locais de trabalho, prometendo continuar a ser um sindicalista do terreno.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal anunciou em 23 de setembro a sua candidatura à liderança da UGT, salientando “o papel insubstituível” da central na luta contra os despedimentos e defesa dos direitos dos trabalhadores.
Se for eleito, Mário Mourão quer “pôr o setor privado na agenda” da central, “a par com o da função pública”, para “dar resposta” e “visibilidade” a todas as áreas que a organização sindical representa.
Esta é a primeira vez que a presidência da TSS/UGT conta com mais do que uma candidatura, ou seja, é a primeira vez em 43 anos de existência da UGT que a liderança da central é disputada.
Cabe ao congresso da tendência sindical socialista eleger, através de voto secreto, quem será o seu presidente e consequentemente o candidato a secretário-geral da UGT.
Normalmente é o presidente eleito da tendência sindical socialista que se candidata posteriormente ao cargo de secretário-geral da UGT, embora estatutariamente possam apresentar-se outros candidatos no congresso da central, desde que reúnam os apoios necessários, mas isso nunca aconteceu na história da UGT.
O XIV congresso da UGT deveria ter-se realizado em abril, mas foi adiado, devido à pandemia da covid-19, para abril do próximo ano.
Carlos Silva é até sábado o presidente da TSS, lugar que ocupa há oito anos, os mesmos que tem como secretário-geral da UGT.
Eleito no XII congresso da UGT, em abril de 2013, Carlos Silva, que era presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, substituiu o histórico João Proença, que liderou a TSS e a central sindical durante 18 anos.
João Proença foi o segundo secretário-geral da UGT e sucedeu a José Manuel Torres Couto.
Criada em 28 de outubro de 1978, numa Assembleia Constitutiva em que foram aprovados os seus estatutos e a declaração de princípios provisórios, a UGT viria a transformar-se formalmente em central sindical em janeiro do ano seguinte.
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