Numa conferência de imprensa em Moscovo, Shahabuddin Delawar, um representante dos talibãs, acrescentou que cerca de 250 dos 398 distritos do país estão agora sob controlo dos insurgentes.

“Todas as administrações e hospitais continuam a operar neste território. Asseguramos que continuem o seu trabalho”, declarou.

Segundo Shahabuddin Delawar, nenhum acordo com Washington impede que os insurgentes tomem os centros administrativos dos distritos que permanecem sob controlo de Cabul.

Entretanto, referiu que os talibãs não iriam “tomar à força” essas cidades.

Desde a aceleração da retirada das forças estrangeiras no início de maio, os talibãs capturaram territórios que se estendem desde a fronteira iraniana no oeste até aquela com a China, no nordeste.

No início da semana, mil soldados afegãos refugiaram-se no Tadjiquistão, após entrar em confrontos com forças talibãs.

Delawar garantiu que a atual retirada das forças norte-americanas foi o resultado da luta dos talibãs.

“Fizemos a nossa luta, fizemos a população passar para o nosso lado”, disse, acrescentando que “os Estados Unidos foram obrigados a abandonar o nosso território”.

Por outro lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou hoje que os talibãs controlam cerca de dois terços da fronteira entre o Afeganistão e o Tajiquistão, depois de um avanço no terreno nos últimos dias.

“Destacamos um grande aumento da tensão na fronteira entre o Afeganistão e o Tajiquistão. Em pouco tempo, os talibãs ocuparam a maior parte dos distritos de fronteira e atualmente controlam cerca de dois terços da fronteira com o Tadjiquistão”, disse a porta-voz do Ministério russo, Maria Zakharova.

“A base russa 201 no Tajiquistão está equipada com tudo o que é necessário para ajudar aquela República a controlar a situação na fronteira (…) para prevenir agressões ou provocações territoriais”, disse Zakharova.

A porta-voz enfatizou que Moscovo e Dushambe mantêm contatos permanentes sobre a situação por meio dos canais diplomáticos e militares.

A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), aliança militar pós-soviética liderada pela Rússia, expressou na quinta-feira a sua disposição de enviar tropas ao Tajiquistão se a situação piorar devido ao avanço dos talibãs em direção à fronteira tajique-afegã.

O CSTO confirmou que os talibãs têm atualmente sob seu controlo praticamente toda a fronteira com o Tajiquistão, que tem 1.344 quilómetros de extensão.