"Não é o momento adequado para se fazer mais qualquer manifestação, marcha lenta ou concentração", afirmou o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, após um encontro com a Federação Portuguesa do Táxi, em Lisboa.

Os representantes dos táxis reuniram-se depois de na segunda-feira terem bloqueado acessos na zona do aeroporto de Lisboa, na Rotunda do Relógio, durante mais de 15 horas, num protesto que deveria ter terminado na Assembleia da República.

Os taxistas contestam a proposta do Governo para regular a atividade das plataformas eletrónicas como a Uber e a Cabify (as únicas a operar em Portugal), às quais estão ligados operadores de transporte com carros descaraterizados.

O setor exige que o número de veículos afetos àquelas plataformas seja limitado, à semelhança do que acontece com os táxis, entre outras reivindicações, e tinha marcado um novo protesto para segunda-feira, junto ao Palácio de Belém e às câmaras do Porto e de Faro.

Florêncio Almeida disse hoje que, “não estando o Presidente da Republica [que vai estar na Suíça], não seria justo ir para Belém”.

“Também não queremos colocar o Presidente da República sobre pressão porque o diploma do Governo ainda não foi aprovado, nem foi a Conselho de Ministros, estando ainda em discussão política”, frisou o presidente da ANTRAL, adiantando que vão esperar pelos “desenvolvimentos políticos” dos próximos dias.

Já o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, adiantou que vai ser pedida uma “audiência urgente com o Presidente da República até segunda-feira” e que, caso não sejam recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa (que está na Suíça entre domingo e terça-feira”), vai manter-se a reunião agendada com os assessores do Palácio de Belém na próxima segunda-feira.

Carlos Ramos disse ainda aos jornalistas que a desconvocação do protesto “não pode ser entendida como um deixar cair de braços”, sublinhando que o setor se mantém disposto a dialogar com o Governo.

“Vamos continuar a lutar pelos nossos objetivos”, disse Carlos Ramos.

Referindo-se aos motivos da luta, depois de o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, ter mostrado abertura para a descaracterização de táxis, para que possam prestar serviço às plataformas, o presidente da FPT reafirmou que o “fundamental é a questão do contingente que venha a ser utilizado para trabalhar debaixo das plataformas da Uber ou da Cabify e de outras que eventualmente venham a aparecer”.

“Essa é a questão para nós que é basilar”, frisou.

“Não estão em causa as plataformas, está em causa a quantidade de viaturas que devem existir para trabalhar nas plataformas não alterando o contingente de viaturas que já existe na cidade de Lisboa”, explicou Carlos Ramos.

Ambos os dirigentes saudaram ainda a disponibilidade mostrada pelo ministro do Ambiente para dialogar com as associações e disseram estar abertos a esse diálogo.