Segundo constatou a Lusa no local, pelas 17:30, o espaço reservado aos táxis na zona das chegadas do Aeroporto Humberto Delgado estava totalmente vazio, situação que apanhou de surpresa a maioria dos passageiros que aterraram em Lisboa.
Como alternativa ao táxi, os passageiros recorreriam à rede do Metropolitano de Lisboa, provocando uma grande afluência na entrada da estação da linha Vermelha, que serve o aeroporto.
“Ninguém nos informou de nada. Andei às voltas e só depois é que percebi que não havia táxis. Vou para o Saldanha, mas não sei bem [como]. Se soubesse, tinha estudado a linha do metro”, afirmou à Lusa o dinamarquês Jacob Muller.
O protesto dos taxistas contra as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros também apanhou de surpresa o angolano José Dias, acompanhado da mulher e na posse de três grandes malas.
“Tinha de haver outras alternativas. Embarcámos em Luanda sem saber que íamos chegar a Lisboa e não ter táxi. Não sei bem como vamos levar as três malas”, queixou-se.
No mesmo sentido, o brasileiro Rodrigo Júnior, originário do Recife, contou que vem passar duas semanas a Lisboa, com a mulher e o filho, e lamentou a falta de alternativas aos táxis.
“É chato porque não conhecemos Lisboa, nem temos ninguém que nos possa vir buscar”, admitiu o turista, que desabafou: “Tivemos muito azar”.
Apesar destes contratempos, a situação tanto no interior como no exterior da infraestrutura aeroportuária apresentava-se calma, sem registo de incidentes.
Os taxistas manifestam-se hoje em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
Desde 2015, este é o quarto grande protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão, no parlamento, em 12 de julho, com os votos a favor do PS, do PSD e do PAN, os votos contra do BE, do PCP e do PEV, e a abstenção do CDS-PP.
A legislação foi promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de julho.
Os representantes do setor do táxi enviaram à Assembleia da República um pedido para serem hoje recebidos pelos deputados, a quem pediram esta tarde seja iniciado o procedimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma e que, até à pronúncia do Tribunal Constitucional, se suspendam os efeitos deste, “por forma a garantir a paz pública”.
Desta vez, os táxis mantêm-se parados nas ruas e não realizam uma marcha lenta.
Ao início de tarde, perto de 1.500 carros estavam concentrados nas três cidades, segundo a organização: perto de 1.000 em Lisboa, cerca de 200 em Faro e 280 no Porto.
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