Os resultados destas experiências foram analisados e publicados na revista "Current Biology" nesta terça-feira. Os autores do artigo esperam que a descoberta possa beneficiar pais stressados, especialmente os inexperientes.

"Criei quatro filhos", disse o principal autor do estudo, Kumi Kuroda, do Centro RIKEN de Ciência do Cérebro, no Japão, num vídeo. "Mas não previ os principais resultados deste estudo até terem saído os dados estatísticos", acrescentou.

Antes, a equipa já tinha estudado a "resposta de transporte" em mamíferos que dão à luz filhotes que não podem cuidar de si próprios, como rato-domésticos, cães, macacos e humanos. Quando estes animais pegam nos seus filhotes e começam a andar, as crias ficam calmas e dóceis, e a sua frequência cardíaca diminui.

Kuroda e os seus colegas quiseram explorar esta estratégia mais aprofundadamente em humanos e comparar o efeito com outros comportamentos reconfortantes, como balançar sem andar.

Os cientistas recrutaram 21 pares de mães e bebés de zero a sete meses e testaram-nos em quatro situações: carregados em movimento, no colo da suas mães sentadas, deitados num berço imóvel ou deitados em um berço de balanço.

O choro e a frequência cardíaca diminuíram em 30 segundos quando os bebés foram carregados. Houve um efeito semelhante quando eles foram balançados, mas não quando foram mantidos parados. Tal sugere que, ao contrário do que se poderia supor, a carga materna foi insuficiente para acalmar a criança e a resposta de transporte foi um fator importante.

A equipa analisou então o impacto de segurar o bebé por cinco minutos e descobriram que a atividade fez 46% deles adormecerem e outros 18% adormecerem no minuto seguinte, o que mostrou que segurá-los não fê-los apenas parar de chorar, mas também promoveu o sono.

No entanto, surgiu outro problema: quando os bebés foram colocados no berço, mais de um terço ficou alerta em 20 segundos.  As leituras de eletrocardiograma mostraram que os batimentos cardíacos dos bebés aumentaram no momento em que foram separados do corpo das suas mães.

No entanto, quando os bebés dormiam por um longo período de tempo no leito das suas mães antes de serem colocados no berço, eram menos propensos a acordar.

Kuroda disse que ficou surpreendido com os resultados, pois tinha assumido que outros fatores, como a maneira ou a posição em que tinham sido colocados no berço, teriam um papel mais importante, mas não foi o caso. "A nossa intuição é muito limitada e é por isso que precisamos da ciência", disse ele.

Com base na totalidade das constatações, os cientistas recomendaram um protocolo para promover o sono tranquilo: segurar o bebé e caminhar com ele por cinco minutos, depois sentar-se e segurar por mais cinco a oito minutos, antes de colocá-lo para dormir.

Ao contrário de outros métodos, como deixar o bebé chorar até dormir, esta estratégia proporciona um ambiente confortável, mas será necessário mais trabalho para entender se esta pode condicionar o sono infantil a longo prazo.