“Se forem cumpridos, diria que os constrangimentos serão mínimos, serão marginais. Estamos a falar de abastecimento ao nível de 75% das necessidades, portanto terá que haver alguns cortes cirúrgicos nalguns serviços, mas com o ajustamento adequado, penso que se pode garantir o essencial do serviço público de transportes sem haver grandes implicações” afirmou o presidente da ANTROP, Luís Cabaço Martins.
Em declarações à agência Lusa, o representante do setor dos transportadores rodoviários de pesados de passageiros apelou a que a greve dos motoristas de mercadorias, que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado, “corra de forma normal”, para que “os portugueses possam continuar a ter os transportes públicos que precisam”.
Na quarta-feira, o Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% para a greve dos motoristas de mercadorias, inclusive o abastecimento de combustíveis destinados a abastecimento dos transportes públicos, em que foram decretados serviços mínimos de 75%.
Na perspetiva da ANTROP, o Governo fez “bem” ao incluir os transportes públicos nos serviços mínimos, considerando que os 75% decretados, “uma vez que sejam cumpridos, podem responder, efetivamente, à generalidade das necessidades dos operadores de transporte”.
“A nossa questão é se, de facto, há capacidade de fazer cumprir os serviços mínimos, […] na última greve esses serviços mínimos não foram cumpridos”, ressalvou Luís Cabaço Martins, defendendo que a mobilidade é “uma questão essencial”, pelo que “é fundamental” assegurar o cumprimento dos serviços mínimos decretados pelo Governo.
“Se não, não vale a pena estar a fixar serviços mínimos quando depois não são cumpridos”, reforçou o representante do setor dos transportadores rodoviários de pesados de passageiros, adiantando que a expectativa é que “sejam cumpridos”.
Questionado sobre os constrangimentos previstos, apesar dos serviços mínimos decretados, o presidente da ANTROP indicou que ainda não tem condições de antecipar esses eventuais constrangimentos regionais ou locais.
“Vamos ver como é que funcionam os abastecimentos. No âmbito dos serviços mínimos, diria que não há razões para pensar que alguma região possa ser mais ou menos afetada, depende da forma como se cumprirem os serviços mínimos e como as coisas se desenvolverem”, avançou Luís Cabaço Martins, frisando que, “à partida, não há razões para pensar que haja alguma região com mais dificuldade que outra”.
A greve, que se inicia na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que acusam a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que pôs fim a uma greve que deixou os postos de abastecimento sem combustíveis.
Esta greve ameaça parar o país em pleno mês de agosto, uma vez que vai afetar todas as tipologias de transporte de todos os âmbitos e não apenas o transporte de matérias perigosas. O abastecimento às grandes superfícies, à indústria e serviços deve ser afetado.
Também se associou à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que, com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.
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