O Presidente dos Estados Unidos começou por falar de "três meses tremendos" de preparação para uma cimeira sem precedentes com um líder da Coreia do Norte, neste caso Kim Jong-un. A par, Trump agradeceu o esforço de outros representantes políticos, como o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente chinês Xi Jinping.
Assumindo o papel de "emissário do povo americano", Trump deu conta de um encontro "honesto, direto e produtivo" entre os dois líderes, que se dizem preparados "para iniciar um novo capítulo". "O passado não tem de definir o futuro", defendeu Trump, que avançou com novidades face ao que já era conhecido deste encontro, sendo elas: as sanções à Coreia do Norte irão manter-se até que a ameaça nuclear esteja afastada; a Coreia do Norte já começou a destruir um local de teste de mísseis; e foi acordado retorno dos restos mortais de soldados que morreram no conflito entre as duas Coreias e que se mantêm em solo norte-coreano. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final da guerra na península.
Trump considera que, "como a história provou vezes sem conta, adversários podem tornar-se amigos. (...) Podemos honrar os nossos antepassados substituindo os horrores da guerra pelas bênçãos da paz”, disse, acrescentando que “qualquer um pode fazer guerra, mas só os mais corajosos podem encetar a paz”. "O Chairman Kim tem perante si uma oportunidade como nenhum outro [líder] para ser recordado como o líder que inaugurou uma nova e gloriosa era de prosperidade para o seu povo", concluiu Trump.
O Presidente dos Estados Unidos salientou por diversas vezes ao longo da conferência de imprensa o "inabalável" compromisso de Kim Jong-un com a "completa desnuclearização da península coreana", reconhecendo porém que é um processo longo e detalhando que as sanções só serão retiradas quando se considerar que já não existe risco nuclear. Questionado sobre a forma como será verificado o processo de desnuclearização, Trump escusou-se a avançar detalhes, mas garantiu que estarão muitas pessoas no terreno — observadores norte-americanos e internacionais — e o processo será verificado.
Já sobre a questão dos direitos humanos na Coreia do Norte, Trump disse que a questão foi abordada e "continuará a ser abordada" no decorrer das negociações que estarão a cargo do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo.
Outra das questões versou os treinos militares na fronteira entre as duas Coreias — motivo de tensão por diversas vezes entre os dois países —, com Trump a mostrar-se disponível para os suspender, mas deixando claro para já a questão não está em cima da mesa. "Isso não é parte da equação para já, mas vamos parar com os jogos de guerra", afirmou, dizendo que são "provocadores" e "inapropriados".
Uma eventual visita oficial a Pyongyang, capital da Coreia do Norte, poderá ocorrer "no tempo apropriado" e se existir um convite, assumiu Trump.
Por mais do que uma vez os jornalistas insistiram com Trump sobre como terá a certeza de que a Coreia do Norte ira cumprir com o que se comprometeu. O Presidente dos Estados Unidos mostrou-se convicto, mas respondeu "quem pode dar essa certeza?". Porém, salientou, este é o primeiro passo de negociações que continuarão a ter lugar.
Um encontro "histórico"
O Presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano assinaram hoje em Singapura "um importante e detalhado documento", segundo Donald Trump, e que permitirá ao "mundo ver uma grande mudança", sublinhou Kim Jong-un.
No final da cimeira, o Presidente dos Estados Unidos disse inclusivamente que "ambas as partes vão ficar muito impressionados com o resultados" deste acordo. Kim Jong-un, por sua vez, classificou a cimeira como "um encontro e um documento histórico", garantindo que "o mundo verá uma grande mudança".
Este foi o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.
Esta reunião ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.
A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, após uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
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