Horas depois de o Irão afirmar que poderia ultrapassar nos próximos 10 dias o limite de urânio armazenado, fixado pelo acordo alcançado em 2015 com várias potências internacionais, a chefe da diplomacia da UE afirmou que o bloco de 28 países vai continuar a fazer o que puder para garantir que o acordo se mantém.

Federica Mogherini afirmou que está em curso um processo de criação de “um mecanismo que autorize os iranianos e beneficiarem das transações económicas que se podem fazer legitimamente”.

Mas não especulou sobre o que pode acontecer se o Irão se afastar dos termos do acordo.

“Até agora, o Irão tem sido cumpridor com os seus compromissos, como esperávamos que fosse”, declarou Mogherini, que insistiu que iria aguardar pelo próximo relatório da agência da Organização das Nações Unidas para os assuntos nucleares, a Agência Internacional de Energia Atómica.

Os alicerces do acordo, que limita as ambições nucleares iranianas em troca de apoio económico, têm enfraquecido desde que Donald Trump retirou os EUA do acordo, em 2018, passando pelo contrário a aplicar sanções ao Irão.

“Não é um exercício fácil”, admitiu Mogherini.

“Nunca fizemos um mistério disso. […] Durante o último ano, tornou-se crescentemente difícil para todos”, adiantou.

A UE, em particular Reino Unido, França e Alemanha, que assinaram o acordo de 2015, têm tentado que Teerão se mantenha fiel aos termos do acordo, esperando que os incentivos financeiros aos iranianos ajudem ao cumprimento dos compromissos.

A Alemanha, um parceiro-chave no acordo, já declarou que compete ao Irão manter-se fiel ao acordo, se quiser evitar retaliações, que não foram especificadas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, afirmou no Luxemburgo que a Alemanha, o Reino Unido, a China e a Federação Russa estão a cumprir os seus compromissos consagrados no acordo e que “incube ao Irão permanecer comprometido com as suas responsabilidades”.

Maas acrescentou: “Tenho a impressão que há muita coisa sob ameaça, já agora pelos dois lados, o que não vejo como muito construtivo”.

Por outro lado, os Estados membros da UE continuam a avaliar a informação sobre os alegados ataques contra dois petroleiros no Golfo Pérsico na semana passada, que os EUA atribuíram ao Irão, o que este negou.

O anúncio de que o Irão vai ultrapassar o limite de armazenagem de urânio fixado pelo acordo, nos próximos dez dias, depois daqueles alegados ataques ocorridos no Estreito de Ormuz, foi feito hoje por Teerão.

“Considero agora, como antes, que a situação é extremamente explosiva”, disse Maas.

“Um confronto militar no Golfo significaria que toda a região ficaria em chamas, o que não é do interesse de ninguém”, acentuou.