“Nós tomamos nota do anúncio feito pelas autoridades iranianas […], mas se este for concretizado poderá representar um desvio considerável dos compromissos nucleares no Plano de Ação Conjunto Global com sérias consequências”, afirmou o porta-voz da diplomacia da UE, Peter Stano, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas.
Questionado na ocasião sobre o anúncio hoje feito pelas autoridades iranianas, Peter Stano realçou, em nome do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borell, a “importância de evitar passos que podem colocar em causa a preservação do acordo nuclear”.
O Irão iniciou o processo de produção de urânio enriquecido a 20% na central nuclear subterrânea de Fordo, bem acima do limite estabelecido pelo acordo internacional de 2015, divulgou hoje a televisão iraniana, citando o porta-voz do Governo.
O porta-voz Peter Stano notou, ainda assim, que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ainda não confirmou esta informação, notando que a UE aguarda que isso aconteça, possivelmente durante o dia de hoje.
Numa carta datada de 31 de dezembro e enviada à AIEA, o Irão já tinha informado sobre o seu desejo de produzir urânio enriquecido a 20%.
De acordo com o último relatório disponível da agência da ONU, publicado em novembro do ano passado, Teerão enriqueceu urânio com um grau de pureza superior ao limite previsto no acordo de 2015 (3,67%), mas não havia ultrapassado o limite de 4,5%, e ainda cumpria o regime de fiscalização muito rigoroso da Agência.
O Plano de Ação Conjunto Global — mais conhecido como acordo nuclear iraniano — é um acordo firmado a 14 de julho de 2015, em Viena, pelo Irão e pelos países com assento no Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), mais a Alemanha, visando restringir a capacidade do Irão desenvolver armas nucleares.
Entre outras disposições, o acordo limita o número de centrifugadoras (utilizadas para enriquecer urânio) de que o Irão pode dispor.
A partir de maio de 2019, o Irão já tinha começado a libertar-se dos principais compromissos assumidos no acordo de Viena de limitar o seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.
Esse desvincular dos compromissos começou um ano após a retirada unilateral dos Estados Unidos, em maio de 2018, seguida pela reintrodução de pesadas sanções norte-americanas que privaram o Irão das esperadas consequências do acordo.
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