Se as circunstâncias exatas do acidente ainda não foram oficialmente reveladas, o comandante de bordo, Denis Evdokimov, relatou à imprensa russa que o Sukhoi Superjet 100 teve que fazer uma aterragem de emergência depois de perder parte dos equipamentos da aeronave devido a um relâmpago.

"Por causa do raio, perdemos o contacto de rádio e passamos para o regime de pilotagem mínima (...) Ou seja, sem um computador como de costume, mas de maneira direta. Em modo de emergência", explicou o piloto nas colunas do tabloide russo Komsomolskaya Pravda.

"Conseguimos restabelecer o contacto via frequência de emergência, mas estava curta e operava apenas de forma intermitente (...) Conseguimos dizer algumas palavras e depois o contacto perdeu-se", acrescentou.

Segundo o comandante, foi por causa da aterragem violenta que a aeronave pegou fogo. "Foi devido ao facto de os tanques estarem cheios", disse.

As primeiras fontes relataram um incêndio a bordo, mas um vídeo publicado horas depois do acidente mostra a aeronave a tocar, e a saltar, na pista antes de pegar fogo.

Imediatamente após a aterragem, os passageiros começaram a ser evacuados pelos escorregas da aeronave, enquanto o incêndio se espalhava rapidamente.

Outros vídeos amadores mostraram passageiros a correr na pista para se afastar do aparelho. Outro, gravado de dentro da cabine, mostra um motor em chamas e os gritos de pânico ao fundo.

Caixas-negras encontradas

Um passageiro do avião, Dmitri Khlebushkin, relatou à agência Ria Novosti que viu "um flash de luz branca" durante o voo. "A aterragem foi dura, quase desmaiamos de medo".

"A aeronave saltou na pista como um gafanhoto e pegou fogo no chão", testemunhou um outro passageiro, Piotr Yegorov, citado pelo jornal Komsomolskaya Pravda.

De acordo com fontes dos serviços de emergência citados pela imprensa russa, as duas "caixas-negras" da aeronave foram encontradas no local do acidente e encaminhadas para investigação.

Um total de 78 pessoas estavam a bordo da aeronave quando esta foi forçada a voltar para Moscovo-Sheremetyovo, alguns minutos depois da descolagem com destino a Murmansk (norte), onde um luto de três dias foi decretado.

Segundo o Comité de Investigação, órgão responsável pelas principais investigações na Rússia, 41 pessoas morreram. Nove outras foram hospitalizadas, três delas em estado grave.

Segundo uma fonte citada pela agência pública TASS, um cidadão americano está entre os mortos.

Um modelo desacreditado

"O voo Su-1492 descolou como previsto às 18H02. Após a descolagem, a tripulação relatou uma anomalia e tomou a decisão de voltar ao aeroporto de partida", afirmou o aeroporto em comunicado publicado domingo à noite.

"Às 18h30, a aeronave fez uma aterragem de emergência, após a qual o incêndio começou".

Uma investigação foi aberta para determinar as causas do acidente. O presidente Vladimir Putin transmitiu as suas condolências aos parentes das vítimas, segundo seu porta-voz Dmitry Peskov.

O Sukhoi Superjet 100, a primeira aeronave civil projetada pela Rússia pós-soviética para competir com a brasileira Embraer e a canadiana Bombardier no mercado de aeronaves regionais, foi motivo de orgulho para o país na época de seu lançamento em 2011.

Contudo, desde então, tem sido criticado e teve pouquíssima aceitação fora do mercado russo e várias empresas estrangeiras mencionaram problemas de fiabilidade.

Desde que começou a voar, em 2008, este é o segundo acidente fatal envolvendo um Superjet 100, de acordo com a base de dados Aviation Safety Network.

Em maio de 2012 um avião que fazia um voo de demonstração caiu na Indonésia, matando 45 pessoas.