A informação consta de uma resposta, a que a agência Lusa teve acesso, do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares a um ofício do presidente da comissão parlamentar de Ambiente, que hoje, acompanhado por vários deputados, visitou a região de Salamanca, onde fica Retortilho.
A carta enumera os vários contactos e troca de informações entre os dois países, desde 2016, concluindo com um encontro, em Madrid, em 08 de fevereiro, do Diretor-Geral dos Assuntos Europeus português com responsáveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha.
Nesse encontro, lê-se na carta, com base em informações do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, é afirmado que "os procedimentos administrativos de licenciamento [da mina] se encontram muito longe de uma conclusão que, pela sua complexidade jurídica e ambiental, não pode ser dada por adquirida”.
Na carta enviada à comissão de Ambiente é ainda reafirmado “o compromisso, do Ministério dos Exteriores [espanhol], de facultar toda a informação adicional que Portugal solicite ou que surja pelo lado espanhol” quanto a este processo.
Deputados da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação visitaram o local para onde está planeada a instalação da mina de urânio a céu aberto, em Retortillo, Espanha, juntamente com deputados espanhóis.
À Lusa, o presidente da comissão, Pedro Soares, exigiu hoje do Governo firmeza junto de Espanha para que Portugal seja envolvido na avaliação ambiental da mina de urânio de Retortillo.
"É necessário que o Governo português intervenha rapidamente, com firmeza e exigência porque a razão está do nosso lado, queremos que haja uma avaliação de impacto ambiental transfronteiriço", disse o deputado do Bloco de Esquerda.
Na resposta, enviada pelo Governo quando a comissão estava ainda em Espanha, é historiado o processo, em que se confirma que as autoridades de Madrid consideraram desnecessário fazer consultas a Portugal “atendendo à distância do projeto à fronteira” portuguesa.
Esta posição foi contestada, em maio de 2016, pelo Ministério do Ambiente português porque o projeto “poderia ser suscetível de ter efeitos ambientais significativos” em território nacional, atendendo à distância, às “direções de ventos” e também por o rio Yeltes ser um afluente do Huebra, que desagua no rio Douro.
A primeira declaração de impacte ambiental ao projeto data de 2013, tendo existido uma autorização de concessão de exploração publicada em 2014 pelo jornal oficial, em Espanha.
De acordo com o relatado na carta, o executivo de Lisboa pediu informação o obteve a resposta de Madrid em que era reiterado o entendimento de que não haveria impactes ambientais e que “já não era possível a pronuncia de Portugal”.
As autoridades portuguesas receberam ainda documentação vária sobre o projeto da mina que a empresa concessionária, a Berkeley, pretende começar a explorar em 2019.
Em setembro de 2017, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, abordou esta questão numa visita a Madrid e em que lhe foi informado que “a concessão da licença para a utilização” da unidade estava “pendente no Conselho de Segurança Nuclear” e “sem a qual a mina não entraria em funcionamento”.
Já em 2018, em fevereiro, é de novo garantido que “os procedimentos administrativos de licenciamento” não estão concluídos nem são garantidos.
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