As novas mortes têm lugar no mesmo dia em que milhares de estudantes saíram às ruas de várias cidades em protesto contra a decisão do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de convocar uma Assembleia Constituinte.

Um funcionário da Polícia de Carabobo (centro do país) morreu na madrugada de hoje. A morte foi confirmada pelo Ministério Público (MP), que identificou o funcionário como Gerardo Barrera, de 38 anos, precisando, através de um comunicado divulgado em Caracas, que a vítima foi atendida num hospital local depois de ter ficado ferido a tiro, quarta-feira, numa manifestação em San Joaquim.

Por outro lado, segundo o deputado opositor, José Brito, homens armados assassinaram hoje, a tiro, o presidente da Federação de Centros Universitários, da Universidade Politécnica Territorial de Anzoátegui, em El Tigre, 450 quilómetros a sudoeste de Caracas.

A vítima, Juan López, de 28 anos de idade, participava num assembleia e foi assassinado a tiro por homens armados que se encontravam no lugar, fazendo-se passar por estudantes. Três pessoas ficaram feridas.

Por outro lado, o MP anunciou ter iniciado as investigações sobre a morte de um jovem de 18 anos de idade, Amando Cañizales, ocorrida na tarde de quarta-feira, em Caracas.

Segundo o MP, o jovem, que viria depois a falecer, ficou ferido quando um grupo de pessoas se manifestava nas proximidades de uma ponte que liga a urbanização Las Mercedes com a autoestrada Francisco Fajardo (leste).

As manifestações contra e a favor do Presidente Nicolás Maduro, intensificaram-se desde há um mês na Venezuela, durante as quais mais de 500 pessoas ficaram feridas e mais de 1.300 foram detidas.

A oposição reclama a libertação dos presos políticos, a convocação de eleições gerais, o fim da repressão e manifesta-se contra duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.

Hoje, milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades, contra a convocatória de uma Assembleia Constituinte, feita na última segunda-feira, por Nicolás Maduro.

Segundo a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) a convocatória "é uma fraude, é inconstitucional e implica o fim da democracia".

Na segunda-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou os venezuelanos para elegerem uma Assembleia Nacional Constituinte cidadã, para, justificou, preservar a paz e a estabilidade da República, incluir um novo sistema económico, segurança, diplomacia e identidade cultural.

Segundo Nicolás Maduro, como parte das suas "atribuições constitucionais" está a reforma do Estado venezuelano, modificar a ordem jurídica, permitindo a convocatória a redação de uma nova Constituição.