Os dados fazem parte do relatório “Conflituosidade Social na Venezuela: primeiro semestre de 2023” e dão conta que entre janeiro e junho de 2023 se registaram em média 24 protestos diários no país, 12% mais que os 3.892 registados em igual período do ano anterior.
Também 3.112 protestos tiveram como propósito reivindicar salários dignos.
Segundo o OVCS, em janeiro os venezuelanos realizaram 1.262 protestos, 762 em fevereiro, 790 em março, 489 em abril, 602 em maio e 446 em junho.
“Os reformados e pensionistas exigiram a garantia do direito à segurança social, tendo também apoiado as reivindicações dos trabalhadores no ativo. Denunciaram que os rendimentos das reformas e pensões são insuficientes para cobrir as despesas médicas, alimentação equilibrada e serviços”, lê-se no documento.
“Durante o primeiro semestre de 2023, houve relatos de ações de vizinhos em protesto contra as falhas dos serviços básicos”, acrescenta-se.
Segundo o observatório, 597 protestos (14%) foram para reivindicar direitos civis e políticos, com líderes e simpatizantes dos partidos políticos a exigirem condições justas e transparentes nos eventos eleitorais que antecedem as eleições presidenciais de 2024.
“As principais exigências estavam relacionadas com as desqualificações ilegais a dirigentes de partidos políticos e possíveis candidatos. Desde o segundo trimestre deste ano se observa uma maior participação e interesse dos cidadãos no processo de eleições primárias dos partidos da oposição (previsto para outubro de 2023)”, explica-se.
Os venezuelanos exigiram ainda direito dos presos no acesso à justiça, denunciaram demoras processuais e péssimas condições de detenção.
Por outro lado, condenaram “a perseguição estigmatização, criminalização de detenção de ativistas dos direitos humanos, trabalhadores humanitários e líderes sindicais”.
O maior número de protestos teve lugar no estado de Bolívar (453), seguindo-se Anzoátegui (402), Sucre (333) Mérida (320) e Lara (261). Apure (47) e Amazonas (42) registaram o menor número.
“Pelo menos 95 protestos foram reprimidos (pelas forças de segurança), em 19 estados do país, com um saldo de 14 manifestantes detidos e oito feridos”, refere.
O OVCS dá conta que os profissionais do setor da educação protestaram reclamando salários insuficientes, não cumprimento dos contratos coletivos, sanções e ameaças por protestar em protestos e que houve participação de mulheres em 97% dos protestos.
“O colapso dos serviços básicos manteve-se dentro das denúncias cidadãs, destacando-se reclamações sobre o transbordamento de esgotos, deterioração das estradas, falhas na recolha de resíduos sólidos e interrupções nos serviços de telefonia e de Internet”, aponta o relatório.
Segundo o documento, “persiste a escassez de gasolina” que voltou a gerar protestos em 20 dos 24 estados do país.
Houve ainda protestos contra casos de corrupção que envolvem funcionários governamentais, enquanto familiares de vítimas de feminicídio protestaram para exigir justiça e direito à vida.
“Os mineiros de várias zonas do estado de Bolívar (sul do país) protestaram contra o desalojamento das minas e abuso de poder exercido por militares e grupos irregulares”, afirma-se.
Houve ainda “48 protestos, em 14 estados do país, denunciando violações dos direitos humanos, por funcionários dos organismos de segurança do Estado”.
“As manifestações em frente aos escritórios do governo continuam a liderar os protestos na Venezuela”, sublinha o observatório, precisando que se registaram 2.692 concentrações, 796 marchas, 400 bloqueios de ruas ou avenidas, 122 greves e 139 protestos criativos (recreações temáticas).
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