O comentário de Putin surgiu numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, um dos únicos líderes de um Estado-membro da UE a defender – ainda que não oficialmente – o levantamento de sanções do bloco comunitário contra a Rússia.
A UE impôs sanções económicas à Rússia em meados de 2014 (em vigor até julho de 2017), em resposta ao que considerou ser uma “anexação ilegal do território da Crimeia” e às “ações de desestabilização” russa na Ucrânia.
Orban, um líder da direita populista, aproveitou a conferência de imprensa para dar conta da “forte atmosfera anti Rússia” que se vive no Ocidente.
“As políticas anti Rússia estão na moda no Ocidente”, salientou Orban, contrapondo, no entanto, que “o Mundo está num processo de realinhamento substancial”.
“Acreditamos que este realinhamento vai criar condições mais favoráveis à [relação] UE-Rússia. (…) É difícil ver prosperidade económica global sem a Rússia”, realçou.
Esta foi a primeira visita de Putin a um Estado-membro da União Europeia desde a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, em novembro.
Analistas citados pela agência Associated Press consideram que tanto o populismo crescente na Europa como a eleição de Trump vão dar mais força aos líderes norte-americano e russo para pressionar o bloco comunitário.
Orban, um dos poucos líderes a apoiar publicamente Trump – mantém igualmente uma relação próxima com a Rússia de Putin, país do qual a Hungria é altamente dependente em termos energéticos.
Na visita de hoje, Putin anunciou que a Rússia iria financiar por completo (e não a 80% como anunciado anteriormente) a expansão e remodelação da única central nuclear da Hungria.
A construção de dois novos reatores (de 1.200 megawatts) na central Paks, nos arredores de Budapeste, ainda não recebeu luz verde da Comissão Europeia, que vê o projeto com ceticismo.
O acordo original – assinado entre a Hungria e a russa Rosatom em 2014 – envolvia um empréstimo russo de 80% dos 10 mil milhões de euros necessários.
“Estamos prontos para financiar a 100%”, disse hoje Putin.
Orban disse que “a maioria dos obstáculos” que estavam a bloquear a construção da “fase 2″ da central já estão ultrapassados.
“Estamos ansiosos por começar a construir”, disse o primeiro-ministro húngaro.
O início da construção dos novos reatores está previsto para 2018 (com o primeiro reator a ficar operacional em 2023).
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