Ainda a aguardar o resultado do teste para a covid-19, e em confinamento na casa, Elvira foi a primeira a exercer o seu direito de voto recolhido por uma das duas equipas que a Câmara de Vila Real organizou hoje para o efeito.
“Estou em confinamento há uma semana e por isso inscrevi-me. É fundamental votar”, salientou, em conversa com os jornalistas através do intercomunicador do prédio onde reside.
Elvira lamentou ainda o facto de o pai, internado, não poder votar, mas garantiu que todo o processo de votar em casa foi seguro, destacando o método adotado como “fundamental” para quem está em isolamento exercer um “direito de cidadania”.
O ponto de partida para a recolha de votos foi a Câmara de Vila Real, onde as duas equipas criadas com elementos da autarquia e das duas corporações de bombeiros, Cruz Verde e a Cruz Branca, se juntaram a partir das 09:00.
Anteriormente, já tinha sido realizada uma ação de formação, para que todo o processo decorresse dentro das normas de segurança, quer para quem vota, quer para quem fizesse a recolha.
A vice-presidente da Câmara de Vila Real, Eugénia Almeida, salientou que com a ajuda da proteção civil municipal foi realizada a ação de formação, e que as duas corporações de bombeiros, que estão já “habituadas a estas circunstâncias” em tempos de pandemia, deram “uma ajuda preciosa a todo este procedimento”.
“Organizamos duas equipas, para realizarem dois trajetos diferentes e recolher votos a 22 pessoas que estão nas suas habitações e a um idoso em lar que também solicitou o voto”, adiantou.
Eugénia Almeida destacou ainda que após a recolha de todos os votos, estes regressam à Câmara para “um período de confinamento” e serão levados no sábado por forças de segurança para as respetivas mesas de voto dos eleitores.
O prazo para a inscrição para o voto antecipado para pessoas em situação de isolamento terminou no domingo, o que fez com que alguns pedidos não fossem atendidos por estarem fora do prazo, acrescentou a autarca.
De casa em casa, as equipas a identificaram-se perante a pessoa inscrita para votar, entregaram o boletim de voto e um primeiro envelope, branco, que era selado pela pessoa que vota.
Após colocado e selado em novo envelope, azul, era entregue uma vinheta a quem votou.
Feita a ‘visita’ à porta da habitação, seguia-se a desinfeção do material utilizado e do elemento responsável pelo ‘contacto’ e o regresso às viaturas para seguir o trajeto rumo à habitação seguinte, numa manhã de muita chuva.
Daniela, ainda em confinamento apesar de um teste à covid-19 já negativo, inscreveu-se para votar em casa para salvaguardar “um direito que tem de ser cumprido”.
“É um direito que temos e não havia outra hipótese”, atirou.
Para a vila-realense, o processo foi “fácil” e a ida a casa facilitou muito.
Maria Mota, dos Bombeiros da Cruz Verde, responsável pelo ‘contacto’ com os cidadãos numa das equipas de recolha, frisou que todo o processo foi feito “em segurança” e que as forças da paz sabem “como proteger” pois estão habituados a líder com “situações piores”, mesmo durante a pandemia.
“Não queremos que as pessoas em casa tenham algum receio. Nem todos os casos são positivos e nós também temos de nos proteger, pois ninguém quer levar o vírus para casa”, referiu.
Perto de 13 mil pessoas em confinamento devido à covid-19 e idosos em lares inscreveram-se para o voto antecipado nas presidenciais de domingo, informou no domingo o Ministério da Administração Interna (MAI).
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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