Na primeira edição dos Jogos Olímpicos, em 1896, em Atenas, participaram 14 países e 311 atletas. Mas, todos eles, eram do sexo masculino.
A presença das mulheres nas olimpíadas só foi permitida em 1900, numa segunda edição da competição realizada em Paris. Nesse ano participaram 975 homens e 22 mulheres, representado apenas 2,2% do total dos atletas em prova. Mas, há mais.
Ainda que autorizadas a competir, das 19 modalidades, as mulheres só podiam participar em cinco, entre elas o ténis, a vela, o golfe, o croquet e o hipismo. De acordo com os especialistas desportivos da época, estas eram as modalidades que não exigiam demasiado esforço físico e que “não comprometiam a feminilidade”. Por outro lado, a proibição de participar em determinadas modalidades estava associada à objetificação do corpo da mulher pelo olhar masculino.
A disparidade entre os dois géneros nos primeiros jogos da Era Moderna, incentivou o surgimento de movimentos que gerassem a oportunidade de as mulheres participarem no desporto. Foi assim que, além de um Jogos Olímpicos femininos, apareceram também outros campeonatos desportivos dedicados às mulheres.
No entanto, e apesar da inspiração, só a partir de 1904 é que a prática feminina foi incluída noutras modalidades olímpicas além das cinco iniciais, e apenas em 1908 se tornou oficial a presença das mulheres nas olimpíadas, mesmo que ainda muito restrita.
Anos mais tarde, o percurso das mulheres nos Jogos Olímpicos ganhou um novo marco além das atletas em competição. A ex-atleta venezuelana, Flor Isava Fonseca, e a ex-atleta finlandesa, Pirjo Häggman, integraram o Comité Olímpico Internacional (COI), sendo estas as primeiras presenças femininas na organização.
Nas décadas que se seguiram, surgiram novas regras de inclusão das mulheres nas provas de diversas modalidades, bem como em cargos decisivos e organizacionais, estimulando o aumento da participação feminina na competição e no desporto em geral. Em 1996, promover as mulheres passou a ser uma missão do COI, estipulada da “Carta Olímpica”.
Apesar dos avanços, a luta por mais mulheres nos lugares de treinadoras, por exemplo, continua.
Londres no caminho certo, Tóquio exemplar e Paris igualitário
Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, todos os países em competição incluíram, pela primeira vez, mulheres nas suas comitivas. Já em 2021, na última edição realizada em Tóquio, no Japão, os Jogos foram os mais equilibrados em termos de género, com 48,7% de participação feminina.
Este ano, e considerado um feito histórico, a edição, que está a decorrer em Paris, alcançou a paridade numérica entre géneros, contando com 5.250 atletas do sexo masculino e 5.250 atletas do sexo feminino.
As atletas portuguesas nas olimpíadas
As mulheres representaram, pela primeira vez, Portugal nos Jogos Olímpicos em 1952, em Helsínquia, na Finlândia. A participar na 15.ª edição da competição estavam as atletas Dália Cunha, Maria Laura Amorim e Natália Cunha e Silva da ginástica desportiva, hoje intitulada de ginástica artística.
No entanto, a participação feminina na competição não se manteve desde então. Embora os atletas masculinos tenham participado em todas as edições realizadas desde a estreia da comitiva portuguesa, em 1912, o mesmo não aconteceu com as atletas femininas. As mulheres portuguesas ficaram de fora nas edições de 1956, 1972 e 1976.
Num feito inédito, Portugal é este ano representado por 37 mulheres e 36 homens nos Jogos de Paris. Pela primeira vez, a comitiva lusa é, maioritariamente, representada por atletas femininas.
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