“Não sabia, não tinha nenhuma noção disso. Eu não contabilizo nada”, disse à agência Lusa o técnico da formação das ‘quinas’, de 66 anos, frisando que ainda terá mais, contabilizando os que efetuou quando foi “treinador dos miúdos”.
Fernando Santos recorda que a primeira equipa que treinou “foi o Império da Picheleira”, quando “tinha 20 anos”, seguindo-se “os juniores do Estoril e os juvenis do Estoril, enquanto era jogador”, pelo que ainda deve ter “mais do que isso”.
A contabilidade refere-se apenas ao escalão sénior e a jogos oficias, não entrando os particulares dos clubes, e o técnico luso lembra o porquê de só agora atingir essa cifra.
“Se tivesse seguido a carreira natural de treinador de clube teria muitos mais, porque nos últimos 10 anos fiz por volta de 150/160 jogos a nível das seleções [faz hoje o 130.º, desde 2010/11], quer na Grécia quer aqui. Ora se eu tivesse feito 10 anos normais ao serviço de um clube, teria feito 600″, lembra.
A carreira como treinador principal começou a meio da época 1987/88, quando António Fidalgo, do qual era adjunto, rumou ao Salgueiros, da primeira divisão, deixando-lhe o comando do Estoril Praia, da Zona Sul da II Divisão.
A estreia foi em 10 de janeiro de 1988, num embate do campeonato com o Barreirense (1-1), mas a recordação de Fernando Santos é de um jogo com o FC Porto, realizado cerca de um mês depois, em 16 de fevereiro, que terminou empatado a zero, após prolongamento, na quarta ronda da Taça de Portugal.
“Do primeiro jogo, lembro-me, tirando esses jogos que eu fiz com os miúdos. Lembro-me perfeitamente do primeiro jogo em que eu era o treinador, mas aí ainda não o era oficialmente. Eu fui treinador/jogador nesse jogo. Ou seja, fui para o banco enquanto jogador, para poder estar no banco. Foi um FC Porto-Estoril, para a Taça de Portugal”, recordou.
Passaram, entretanto, mais de três décadas, e “mudou muita coisa”, garante o técnico, que se estreou ao comando dos ‘canarinhos’ com 33 anos e tem agora o dobro.
“O que eu sou hoje como treinador não tem nada a ver com o que era naquela altura. Tudo mudou no futebol e, obviamente, também como treinador, tudo mudou ou muita coisa mudou. Há muita coisa que mudou. Claro que há sempre um traço ou outro que se mantém, mas a evolução é constante. Eu não sou o mesmo treinador hoje que era há 10 anos, ou há cinco. Vamos sempre evoluindo”, disse.
Na seleção lusa, muitos classificam-no como ‘resultadista’, ‘rótulo’ no qual não se revê, mesmo deixando claro que o resultado tem de estar em primeiro lugar.
“Não acho nada disso. Obviamente que é uma coisa que os treinadores têm sempre presente, que o resultado é o fundamental. Não conheço nenhuma forma no futebol em que os treinadores não queiram ganhar ou não achem que o resultado é importante. Agora, não me caracterizo nunca por ser um treinador que só pensa no resultado. Penso no resultado em primeiro lugar, mas depois penso que a equipa jogue bem e que ofereça bons espetáculos às pessoas. Eu acho que somos todos iguais”, garantiu.
De todos os jogos, destaca as estreias, a primeira vez, nomeadamente pela seleção das ‘quinas’, em 11 de outubro de 2014: “O mais significativo pode ter sido o meu primeiro jogo [por Portugal], o mais sentimental talvez. O primeiro jogo com a França, um particular, porque era a seleção nacional, o hino”.
“Mas o primeiro jogo que fiz, também aqui na Sérvia, com a Grécia [vitória por 1-0, em 11 de agosto de 2010], também foi um jogo importante, porque vais representar um país, é uma coisa nova para ti”, prosseguiu o atual selecionador luso.
As estreias nos ‘grandes’ também marcaram: “Quando chegas a um clube ‘grande’ e fazes o primeiro jogo – eu, felizmente, fiz nos três grandes de Portugal -, também é novo. A inaugural do Estádio de Alvalade, é sempre uma coisa que vai ficar, há sempre coisas que vão marcando”.
Quanto a jogos ‘estranhos’, acabou por se lembrar de um: “Estranho, estranho, não me lembro de nenhum… Estar a disputar a primeira divisão e sofrer uma derrota por 8-1 num Torreense-Estoril era uma coisa estranha, não é?”, questionou, recordando o pesadíssimo desaire sofrido em 02 de maio de 1992.
Depois dos títulos por Portugal, de campeonatos, taças e supertaças, ainda há espaço para mais troféu, ainda há objetivos por cumprir.
“Aquilo que eu gostava de cumprir como objetivo era levar Portugal a ser campeão do mundo, obviamente, porque, de resto, acho que a Liga dos Campeões, mas não sei se lá chegarei ou se vou estar numa equipa que me possa proporcionar isso. Não sei, o futuro a gente nunca sabe”, afirmou.
Quanto ao número de jogos, não sabe até quantos chegará, até porque depende onde vai prosseguir a carreira.
“É muito relativo, depende se estás a treinar seleção ou estás a treinar clube. A seleção limita-te sempre o número de jogos que podes alcançar”, finalizou, em vésperas de chegar ao encontro 1.000 desde que assumiu o comando do Estoril, em 1987/88.
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