O jogo entre Manchester United e Juventus era especial por várias razões. Era o regresso de Cristiano Ronaldo a Old Trafford. Era o reencontro entre CR7 e José Mourinho. Era o reencontro entre Pogba e a Juventus. Era o reencontro entre dois colossos do futebol europeu (juntos somam cinco Ligas dos Campeões e quatro Ligas Europa no palmarés).

Mourinho e Ronaldo, duas figuras do futebol mundial, talvez as duas maiores figuras de sempre do futebol português (ok, podem discutir comigo aqui...), chegavam à partida no chamado Teatro dos Sonhos em posições “frágeis”, por assim dizer.

Primeiro Mourinho, contestado desde o início do ano em Manchester (talvez dando sequência à chamada “maldição da (sua) terceira época”), não está bem em termos desportivos. Óbvio que Mourinho é Mourinho, e o seu currículo fala por si (como o próprio fez questão de sublinhar no último jogo do United frente ao Chelsea). Mas os Red Devils estão em 10.º na Premier League, já a 9 pontos dos líderes Manchester City e Liverpool, foram eliminados da Taça da Liga pelo Derby County, equipa do Championship treinada pelo seu ex-pupilo Frank Lampard e o jogo da equipa não convence.

Já Ronaldo, passa possivelmente a fase mais delicada da sua carreira, por motivos extra-desportivos. Se a Juventus está bem – e o Real Madrid mal, já agora, desde a saída do português –, liderando a Serie A com 10 vitórias em 11 jogos e somando por vitórias os dois jogos disputados na Liga dos Campeões, CR7 viu-se envolvido de há umas semanas a esta parte num escândalo em que é acusado de violação por Kathryn Mayorga. Ronaldo diz que está “feliz” e que os seus advogados “estão confiantes”, mas é inegável que se trata de uma situação delicada, ainda que desportivamente se tenha notado pouco no seu rendimento (5 golos e 4 assistências nos primeiros 10 jogos pela Vecchia Signora).

E o início de jogo confirmou que os dois portugueses identificados como protagonistas antes do começo da partida, sê-lo-iam assim que a mesma começasse. Ou talvez até um pouco antes, visto que José Mourinho, farto do trânsito de Manchester (que, de resto, já valeu uma multa aos Red Devils devido ao atraso no início da partida contra o Valência), optou por chegar ao estádio... a pé.

Já Ronaldo, optou por ser protagonista dentro de campo. O cronómetro marcava os 16 minutos quando o português recebeu um passe de Pjanic, cruzou para a área, Cuadrado não conseguiu a emenda mas a bola sobrou para Dybala, que bateu De Gea abriu o marcador em Old Trafford. Depois dos três golos na jornada passada frente ao Young Boys, o argentino voltava a marcar nesta edição da Liga dos Campeões. Mas o destaque, esse, foi para Ronaldo. Ou pelo menos assim entendeu o realizador da transmissão da Eleven Sports, que focou o português praticamente durante o mesmo tempo que o marcador do golo. Ser o (ainda) melhor do mundo tem destas coisas. E regressar a um local onde foi muito feliz: os 9 títulos e 118 golos marcados pelos Red Devils são prova disso.

A primeira parte não teve grande história. Ou melhor, até teve, mas quase sempre pintada a preto e branco. A Juventus dominou a seu bel-prazer e teve várias oportunidades para ir para os balneários com uma vantagem superior à mínima. 67% de posse de bola, oito oportunidades de golo e uma sensação clara de estar sempre por cima na partida.

Na segunda parte houve mais United. Mais remates, incluindo um de Pogba que embateu no poste que que Szczesny desviou com a cabeça! para canto. Mas a verdade é que Ronaldo também esteve perto de marcar. Aos 51 minutos, uma grande jogada da Juventus originou um grande remate de CR7 que, por sua vez, originou uma grande defesa de De Gea.

Até final a Juventus controlou a partida, entregando o domínio de jogo ao United, que tirando o referido remate de Pogba raramente incomodou o guardião polaco da equipa italiana.

Mourinho, que não fez qualquer substituição, não saiu satisfeito. Ronaldo, que estava feliz por regressar a Old Trafford, onde sempre se sentiu em casa, saiu sorridente.