O holandês Bas Dost é o sexto jogador do Sporting a rescindir contrato com o clube de Alvalade, confirmou Bruno de Carvalho ao início da noite, numa declaração à imprensa.
Esta tarde, os três internacionais portugueses, atualmente ao serviço da seleção lusa que vai disputar o Mundial2018, já enviaram as cartas de rescisão ao Sporting, à Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, escreve a agência Lusa.
O jornal Record, que avançou com a notícia, adianta ainda que esta semana é decisiva para o processo, visto que o prazo legal para as rescisões por justa causa termina já quinta-feira, 14 de junho (30 dias após o ataque ao plantel na Academia de Alcochete).
Os leões já comunicaram a decisão dos jogadores à CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Em comunicado, o clube confirma as resoluções de contrato por justa causa.
Nas três notas iguais, o clube informa o mercado que "recebeu, na tarde de hoje, por email, documento subscrito pelo jogador (...) nos termos do qual este comunica a resolução do seu contrato de trabalho desportivo, com invocação de justa causa. A referida comunicação, os seus efeitos e consequências estão a ser objecto de analise pela Sociedade".
A decisão do trio — que se junta a Rui Patrício e Daniel Podence que rescindiram unilateralmente com o clube de Alvalade — acontece depois de Bruno de Carvalho ter incentivado os jogadores a avançarem com rescisões, através de um post no Facebook, publicado no dia 9 de junho.
Nessa publicação, o presidente dos leões disse estar "farto de chantagens de alguns advogados e agentes. O Sporting CP, enquanto eu for Presidente, não vai negociar nenhuma renovação ou venda - a não ser as já previstas - até 15 de Junho. Por isso, se querem chantagear com rescisões, rescindam já, pois nunca vos será dada razão e eu não cederei a chantagens. Se é para fazer, façam já, e, em termos legais, cá estaremos para defender a verdade e o Sporting Clube de Portugal. Se não é isso que querem, mandem parar os vossos advogados e agentes", escreveu.
O clube de Alvalade vive momentos conturbados que culminaram na saída de Jorge Jesus para Al-Hilal e com as rescisões já confirmadas de Rui Patrício e Daniel Podence — tendo Bruno de Carvalho anunciado inclusivamente que avançou com processos crime contra ambos os jogadores.
A crise no Sporting teve início em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns jogadores e elementos da equipa técnica.
A GNR deteve no mesmo dia 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva depois de terem sido ouvidos no tribunal de instrução criminal do Barreiro. Dias mais tarde, a 6 de junho, outras quatro pessoas foram detidas por suspeitas de comparticipação na invasão de instalações e agressões aos futebolistas e equipa técnica.
Entre estes quatro detidos, que ficaram em prisão preventiva, estão o ex-líder de claque do Sporting Juventude Leonina Fernando Mendes e o condutor e os ocupantes da viatura que no dia das agressões entrou nas instalações da Academia do Sporting em Alcochete e retirou alguns dos alegados agressores.
Paralelamente, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral (MAG), a maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
De seguida, realizaram-se reuniões da MAG demissionária e membros do CFD com a direção, que culminaram com a decisão anunciada por Jaime Marta Soares de marcar uma Assembleia Geral para votar a destituição do órgão liderado por Bruno de Carvalho, agendada para 23 de junho, tendo ainda sido criada uma comissão de fiscalização para o CFD.
Entretanto, o Conselho Diretivo (CD) do Sporting decidiu por seu lado substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, aprovação de duas alterações estatutárias e análise da situação do clube e prestação de esclarecimentos aos sócios, e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
O braço de ferro entre as diferentes entidades prossegue e já chegou a tribunal, com o Tribunal Cível a considerar Jaime Marta Soares como legítimo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting e a validar a convocação de uma reunião magna para dia 23, apesar de faltarem os meios adequados para a realizar.
Já Bruno de Carvalho reitera que o encontro não terá lugar e desafia os sócios a apresentar nos serviços do clube um pedido de uma Assembleia Geral destituitiva do Conselho Diretivo, prometendo que a mesma se realizará no prazo de 8 a 10 dias.
Comentários