"Querem tirar foto com Malek Jaziri. É jogador profissional (75º do ranking ATP). Vamos oferecer brindes e t-shirts", apregoava uma voz em português com sotaque de leste da Europa. À espera do tunisino estavam algumas dezenas de miúdos, e alguns graúdos, para a "caça" ao autógrafo.

No dia Mundial do Trabalhador, numa tarde de sol e muito vento, os fãs esperavam mais por uns, que por outros. Tudo comunicado entre sponsors, organização e jogadores que iam saindo da zona de treinos, passavam pelo duche e cumpriam o ritual.

Bolas de ténis, papéis, camisolas, tudo era válido para recolher assinaturas de quem joga.

David Goffin, antigo número 7 do mundo, quarto cabeça de série do torneio e 25.º do ranking da Association of Tennis Professionals (ATP) tinha uma fila de vários minutos à sua espera na sessão de autógrafos. Hoje o tenista belga irá defrontar a João Sousa, o vencedor em título.

Enquanto decorriam tours de experiências no recinto e ténis de responsabilidade social, Reilly Opelka e Gael Monfin enfrentavam-se na terra batida no court central, depois de João Domingues ter surpreendido ao passar para os quartos de final pela primeira vez num torneio ATP, beneficiando da lesão de John Millman (que desistiu ao 2-1 do segundo set).

Chapéus de palhas, calças brancas, Marcelo e Federer

Uma bonita história que o tenista aveirense (nº244) está a escrever e cujo próximo capítulo terá o título de Stefano Tsitsipas, primeiro favorito e número 10 mundial.

Lesões e abandonos e respetivas entradas de lucky losers têm acontecido com improvável frequência na prova e têm deixado cair algumas das principais cartas do torneio.

O tenista italiano Fabio Fognini, de 31 anos, foi o último exemplo ao confirmar ontem a desistência do Estoril Open, devido a uma lesão na perna esquerda. O segundo cabeça-de-série e número 12 do ranking ATP foi substituído pelo lucky loser Filippo Baldi, 23 anos, 155º da hierarquia mundial.

Mas o Estoril Open é muito mais que um simples torneio de ténis e a ação não se limita ao que se passa mais perto ou mais longe da rede ou ao que se vê no piso de terra batida.

Para chegar ao "estádio" do ténis há um ritual mecânico que se cumpre. Os afortunados carros que entram e passam por dois seguranças são posteriormente conduzidos pelos "motoristas de serviço".

As carrinhas de 9 lugares que fazem de shuttle entre os diversos parques de estacionamento identificados nas redondezas (e mais afastados como é o caso do Autódromo do Estoril) passam com uma cadência frenética.

Há quem prefira aventurar-se pelas ruas próximas à procura de uns metros de estacionamento improvisado, quem lote o parque do cemitério contínuo à rotunda que serve de antecâmara de entrada no espaço que o Clube de Ténis do Estoril e a Escola de Hotelaria dividem e quem venha a pé dos lados do Casino do Estoril. (E, para evitar o eventual cansaço resultante da íngreme subida que leva os espetadores ao palco, onde tudo acontece, há um serviço de trotinetes elétricas.)

Dentro do recinto tudo está organizado ao milímetro. Há uma zona de street food, merchadising, courts de entretenimento, espreguiçadeiras para "ganhar um bronzeado" ou simplesmente acompanhar através dos ecrãs gigantes o que se passa no palco principal, muitos brindes a serem distribuídos e passatempos. Como foi o caso do levado a cabo pela RFM e pelo SAPO com a distribuição de 30 bonecos desse animal vertebrado a 30 participantes. Tudo em menos de três minutos.

E, finalmente, o Estoril Open, o tal torneio que Marcelo Rebelo de Sousa já marcava presença antes de ser presidente da República e que noutros tempos recebeu Roger Federer (2008), arrasta uma amostra do glamour dos grandes torneios mundiais.

A famosa zona VIP — denominada de Slice Lounge — está montada em cima da piscina do Clube de Ténis do Estoril, local onde decorre até domingo o Estoril Open.

Naquele espaço com vista para o court principal no qual come-se, bebe-se, conversa-se e tudo o mais durante o almoço e jantar (nos dias em que há jogos à noite).

E um pouco por todo o lado, está pincelado uma das imagens de marca da prova: os chapéus de palha que, por vezes, são acompanhados de calças brancas.