Radamel Falcao está de volta. Os dois golos apontados por ‘El Tigre’ na noite europeia desta terça-feira foram um rugido que mostra que a veia goleadora do colombiano não se tem limitado ao campeonato francês.

Em casa do Manchester City, os monegascos perderam (5-3) e Falcao até falhou um penálti, mas nada disso apaga a fantástica exibição do antigo avançado do FC Porto. Um golo de cabeça - que se pode mesmo dizer: à Falcao - e um chapéu recheado de classe foram o aviso: ele está de volta.

Após uma má experiência em Inglaterra, com passagens apagadas pelo Chelsea e Manchester United, onde em duas épocas marcou apenas 5 golos, o artilheiro colombiano regressou ao Monaco. Parecia que a passagem seria temporária, com os milhões de vários clubes (e da China) a acenarem, mas ‘El Tigre’ acabaria por ficar.

O futebol da equipa orientada pelo português Leonardo Jardim assentou-lhe que nem uma luva. Um estilo de jogo bastante ofensivo com dois extremos criativos prontos a cruzar para servir aquele que já foi considerado um dos melhores avançados do mundo. Como se diz na gíria futebolística, Falcao só tem de estar no sítio certo, e depois é "à ponta-de-lança", como só ele sabe fazer. Como tanta vez fez.

Travessia do deserto

Depois de épocas menos conseguidas, este é outro jogador. Ou melhor, este é o "velho" Falcao, mas mais maduro. E, acima de tudo, recuperado. Após a grave lesão no joelho sofrida na época 2013/14, que o próprio confessou, recentemente, que o fez pensar desistir do futebol, Falcao nunca tinha voltado a estar a 100%. No Manchester United viveu sobre uma enorme pressão: tinha sido a grande contratação da época, a par de Di Maria, num clube que precisava de resultados imediatos, mas que acabou por não os conseguir. Já no Chelsea, viveu uma época de convulsão no balneário em que a equipa e o treinador, José Mourinho, estavam longe de estar em sintonia.

De regresso ao Mónaco, clube que detém o seu passe desde 2013 e que pagou, na altura, 60 milhões de euros ao Atlético Madrid para contar com os seus serviços, o colombiano encontrou uma equipa no mesmo estado anímico: a recuperar. O Mónaco, sete vezes campeão de França e finalista na Liga dos Campeões ganha pelo FC Porto de Mourinho, deu boleia a um dos pontas-de-lança mais entusiasmantes dos últimos anos e ambos queriam o mesmo: voltar a vencer. O clube do Principado quer voltar a conquistar o título francês, que lhe foge desde o ano 2000; Falcao quer voltar a mostrar o goleador temível e mortífero que é. Juntos formam uma parceria que está a dar furtos: os monegascos lutam ainda em todas as frentes, e estão bem posicionados para uma época que pode ser histórica: lideram a Ligue 1 com três pontos de vantagem sobre o Paris Saint-Germain, estão nos oitavos-de-final da Taça de França, na final da Taça da Liga e ainda com legítimas hipóteses de virar a eliminatória da Liga dos Campeões, frente ao Manchester City de Guardiola.

Foi Jardim e a sua equipa técnica que, aliás, tiveram um papel decisivo para o regresso em grande do colombiano. A confissão é dada pelo próprio jogador em entrevista ao site da UEFA: "a equipa e a corpo técnico acreditam em mim. Graças a eles sinto-me importante e posso fazer vários jogos a bom nível. O clube também tem confiança total em mim. É tudo uma questão de confiança. Só precisava de minutos para marcar golos. É algo que não se esquece".

Esta época ‘El Tigre’ soma 24 golos em 29 jogos, um bom saldo para um avançado ‘em recuperação’. Capitaneando os monegascos (em mais um sinal de confiança de Jardim nas suas capacidades), Falcao tem comandado, dentro de campo, a equipa do Principado rumo ao sucesso. E é o rosto de um clube que tem um registo atacante incrível: 111 golos em 42 jogos disputados.

É esta nova vida de ‘El Tigre’.