As constantes primeiras páginas faziam antever uma confirmação oficial a qualquer momento. Foi hoje, dia três de julho, que o Atlético de Madrid anunciou a chegada de João Félix.
Num negócio que se faz por 126 milhões de euros, mas em que apenas 120 entram para os cofres do SL Benfica, João Félix protagoniza assim a quinta transferência mais cara de sempre, ficando atrás de Ousmane Dembelé e Philippe Coutinho, ambos vendidos ao Barcelona, um pelo Borussia Dortmund (105 milhões de euros mais 45 milhões mediante objetivos) e outro pelo Liverpool (120 milhões mais 40 milhões consoante objetivos). O topo do pódio é completado pelas vendas de Kylian Mbappé (180 milhões de euros) e Neymar (222 milhões de euros), ambos jogadores do Paris Saint-Germain.
Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o clube da Luz explicou os contornos do negócio: o Atlético de Madrid paga a pronto um valor de 30 milhões de euros e a Benfica SAD efetua uma operação de desconto sem recurso dos restantes 96 milhões de euros, sendo os custos financeiros associados a esta operação de 6 milhões de euros. Assim se esclarece que o valor do negócio é de 126 milhões de euros, mas o valor real, ou seja, o montante que o clube português garante é de 120 milhões de euros.
Esta venda do Benfica faz também de Félix o jogador português mais caro de sempre - ultrapassando Cristiano Ronaldo, vendido pelo Real Madrid à Juventus por 117 milhões de euros -, sendo também a maior venda de sempre feita por um clube português. O anterior recorde tinha sido estabelecido também neste defeso, com a venda de Éder Militão por 50 milhões de euros pelo FC Porto ao Real Madrid.
A venda da jovem estrela ao Atlético de Madrid ocorre depois de uma “novela” com um enredo com várias reviravoltas. Realizando uma época de grande nível pelo Benfica - de tal forma que foi o “jogador revelação do campeonato” para o SAPO24 -, João Félix começou a despertar a cobiça de “tubarões” europeus ainda a temporada não tinha terminado, falando-se do interesse de clubes do Real Madrid à Juventus, passando até pelo Wolves.
Com o fim da época, os rumores começaram a intensificar-se em torno dos dois gigantes de Manchester, o United e o City, sendo que este último supostamente compraria o passe do jogador, mas emprestá-lo-ia de seguida às águias, ficando Félix mais um ano na Luz.
No entanto, um novo pretendente chegaria de rompante, a acenar com 120 milhões - o valor da cláusula de rescisão de João Félix - do outro lado da fronteira. Órfão de uma referência ofensiva depois da iminente perda da mega-estrela Antoine Griezmann - que vai sair, não se sabendo para onde - o Atlético de Madrid teria começado a realizar contactos com o Benfica, tendo a imprensa portuguesa e espanhola afirmado, no dia 17 de junho, que o negócio já se encontrava concluído.
Contudo, da parte do Benfica, veio um desmentido oficial em que o clube encarnado esclarecia que era “falso” estar “em curso qualquer processo negocial a propósito de uma eventual transferência do jogador João Félix”, negando também “negociações que envolvem comissões de 30%”, considerando a informação “totalmente falsa”. Este comunicado, porém, deixava na ambiguidade a possibilidade da venda estar a ser efetuada, visto que a compra de um jogador pela cláusula de rescisão não necessita de negociação com o clube que detém o seu passe.
Foi assim que no dia 26 de junho, sem surpresa, o SL Benfica informou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que recebeu uma proposta do Atlético de Madrid no valor de 126 milhões de euros por João Félix. No entanto, esclarecendo que a mesma se "encontra a ser analisada". Hoje sabemos que esse comunicado era o prefácio inevitável para uma transferência que apenas parecia teimar em não se oficializar.
Campeão nacional de juniores na temporada 2017/18, João Félix, natural de Viseu, chegou ao Benfica em 2015, depois de vários anos na formação do FC Porto. A sua estreia na equipa principal aconteceu frente ao Boavista, a 18 de agosto, sendo finalmente titular a 23 de setembro, num jogo com o Desportivo das Aves.
Uma das peças-chave para a conquista do campeonato pelo Benfica, João Félix teve um arranque da sua carreira sénior tão fulminante que rivaliza com o de Lionel Messi. Até ao fim da época, o avançado assinaria 15 golos na liga portuguesa (20 em todas as competições), ficando na memória exibições como a que teve no Dragão na vitória em frente ao Porto ou quando marcou um hattrick perante o Eintracht Frankfurt na primeira eliminatória dos quartos de final da Liga Europa.
O ano de sonho de João Félix culminou com a primeira internacionalização sénior. Tendo já somado experiência na seleção nacional sub-21, Félix estreou-se na equipa principal durante a fase final da Liga das Nações, frente à Suíça.
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