Em entrevista ao Porto Canal, o presidente do FC Porto falou pela primeira vez sobre a agressão ao repórter de imagem da TVI, no final do jogo entre o Moreirense e os azuis e brancos.

“Antes de vir para aqui estava a ver as notícias e li num jornal: 'As palavras que levaram Sérgio Conceição a ser castigado 21 dias'. Não é verdade, o Sérgio, e isso pode ver-se nas imagens, vai em direção do árbitro e, ainda antes de chegar ao árbitro, leva o cartão vermelho", começa por explicar Pinto da Costa.

"Portanto, tudo o que ele disse – e não vou pôr em causa o que ele disse, não sei o que lá está escrito, mas sei que disse algumas coisas – foi depois de levar o cartão vermelho. 'Oh, Hugo, dois penáltis?' e levou o cartão vermelho (...) Afinal até eram três, mas ele [Sérgio Conceição] até só falou em dois e ele exibiu-lhe o cartão vermelho. As palavras que disse depois podem ser justificativas para o castigo, mas o cartão vermelho foi exibido antes de dizer mais qualquer coisa do que aquilo que referi", justifica o presidente dos 'dragões'.

Sobre a referência à quarta expulsão do treinador, Pinto da Costa referiu ainda que Sérgio Conceição "empatou com o treinador do Sporting”.

“Dizia o saudoso Mário Soares que havia um direito que era o direito à indignação e, naturalmente, que o Sérgio como todos os portistas, e todos os intervenientes, tem o direito à indignação”, declarou. Acrescentando ainda: “Não sou eu o digo. Há um jornalista que escreve: 'Dragão espoliado a triplicar', referindo-se aos três penáltis. Agora, um jogo que era importantíssimo para o campeonato ser espoliado em três penáltis, que obviamente decidiriam o jogo a nosso favor... tem o direito à indignação”.

Questionado sobre se o treinador dos dragões se excedeu, Pinto da Costa respondeu que “quando levou o cartão vermelho, considero que não se tinha excedido, pelo contrário, referiu dois penáltis que até eram três", mas desvia a questão. "O que me incomoda é que toda a imprensa, mesmo a maioria que nos é hostil, todos, sem exceção, reconhecem que há dois penáltis que são indiscutíveis”.

O presidente diz-se ainda “indignado” com a situação e refere ter “todo o direito” por ser ter sido “espoliado a triplicar”.

“Depois o que verificamos: o treinador é multado, os jogadores são multados, inquéritos e suspensões, e o árbitro saiu a rir-se. Há imagens: saiu a rir e não acontece nada. E o VAR? Como é possível, se toda a gente viu três penáltis, um indivíduo que está sentado à frente da televisão não ver nenhum desses penáltis, o que havemos de pensar? Depois vem o senhor presidente da APAF [Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol], que eu não sei o nome, protestar porque coitadinho ofenderam o árbitro. O senhor presidente da APAF devia preocupar-se era com a qualidade dos árbitros”, acusa.

“O Sérgio foi suspenso, os outros têm inquéritos. O árbitro foi multado em alguma coisa? Não. Vai receber o prémio por ter arbitrado o jogo, os quilómetros e não sei que mais."

No que diz respeito ao castigo, Pinto da Costa disse que os 'dragões' vão recorrer da suspensão de 21 dias aplicada pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ao treinador Sérgio Conceição. "O FC Porto amanhã vai ser notificado e vai recorrer para o plenário do Conselho de Disciplina, como fez o Sporting anteriormente", afirmou.

"Com o Sporting o plenário reuniu na sexta-feira. Eu fico aguardar, alertei o presidente da Federação que quero o mesmo tratamento que o Sporting teve. Queremos o mesmo tratamento porque vamos recorrer de imediato deste castigo", refere ainda.

Sobre o que ocorreu fora do estádio e porque se dirigiu aos jornalistas, conta que depois de ter sido informado de que estariam a filmar “quis saber o que queriam” e justifica: “Limitei-me, calmamente, a perguntar se havia algum problema”.

“Apercebi-me depois que havia uma confusão e depois verifiquei que era o senhor Pedro Pinho a querer tirar a câmara e a tapar a câmara ao repórter de imagem que julgo que era da TVI”, relata.

Sobre a posição do FC Porto em relação à situação descrita, refere apenas não ter visto “nenhuma agressão” ou “nenhuma imagem em que se veja o Pedro Pinho a agredir seja quem for”.

“Aquilo que vi na altura foi o Pedro Pinho a querer tirar a máquina e a tapar para não deixar filmar. Não estou a dizer que houve ou que não houve. Eu não vi ainda nenhuma imagem em que se veja o Pedro Pinho a agredir aquele senhor. Agora, qualquer ato de violência, o Futebol Clube do Porto e eu rejeito, censuro e não posso aceitar qualquer ato de violência”, afirma.

Ainda questionado sobre a relação do agente com o clube, Pinto da Costa refere que Pedro Pinho é portista, sócio do FC Porto, mas que não tem nenhum cargo no clube, e desmente notícias que referem que o mesmo teria faturado 16 milhões com o clube, acrescentando que este foi até convidado pelo presidente do Moreirense.

"Durante dois dias só tenho visto programas sobre isso. O Ministro da Educação já falou, o secretário de Estado, toda a gente fala, o presidente do PSD já falou... Toda a gente fala", refere o presidente do clube, argumentando que "há polícias que são agredidos quando estão a trabalhar, no seu serviço, no seu local de trabalho" e nesses casos "não há este aparato".

De acordo com Pinto da Costa, no caso do repórter da TVI, este não podia estar no local: "Estava lá indevidamente", mas reitera que é contra a violência e que se deram momentos desagradáveis, acrescentando estar "solidário com o senhor".

"De qualquer maneira, está mal. Está mal que ele [jornalista] lá estivesse, porque não podia, está mal que o Moreirense o deixasse estar e está mal que o Pedro Pinho tenha querido fazer as funções que cabiam ao Moreirense e ao delegado da Liga", afirma.

Sobre a atuação dos militares na GNR no local, conta ter ouvido o repórter chamar o "guarda" apenas uma vez e que o o guarda foi "logo a correr". Para o presidente do clube "estar agora a culpar a GNR é lamentável".

"Disse aqui há dias o seguinte: que o FC Porto, se tudo fosse normal, seria campeão. Agora, não é normal haver um jogo de futebol em que ficam três penáltis escandalosos por marcar", acusa ainda Pinto da Costa.

"Se tudo tivesse sido normal, acredito que o FC Porto podia ganhar o campeonato, neste momento acredito menos, porque não foi normal", concluiu.