Em declarações à Lusa, Paulo Nunes de Almeida disse que a AEP “está preocupada”, porque começaram a chegar por parte das empresas associadas indicações de que estavam a renegociar as tarifas anuais de eletricidade com os vários comercializadores e que eram confrontados com aumentos entre 25% a 30% comparativamente à tarifa que tinham no contrato anual anterior.
“Estamos a falar nas empresas que não estão no mercado regulado e que fazem acordos com os distribuidores”, explicou o presidente da AEP, realçando que “foram confrontadas com situações incomportáveis” e que algumas optaram, durante o período de verão, por comprar energia ao dia no Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL).
No entanto, “inclusivamente essa estratégia acabou por não resultar, porque acabaram por pagar preços ainda mais altos do que aqueles que teriam se tivessem feito logo a renovação do contrato”.
E, neste momento, “estão a ser confrontados com aumentos ainda maiores do que os 25% a 30% a que estavam anteriormente”, lembrou o responsável.
No fundo, “isto é uma machadada que está a ser dada às empresas e que lhes vai retirar competitividade nos mercados internacionais”, advertiu o dirigente empresarial, dando como exemplos particulares a cerâmica, os plásticos e uma parte do setor têxtil, designadamente o que tem a ver com acabamentos, embora reconheça que o problema “é transversal” a todo o setor industrial.
A AEP, refere, já fez sentir ao secretário de Estados da Energia, Jorge Seguro Sanches, esta preocupação que “também é [a preocupação] dele e que está a desenvolver contactos com várias entidades no sentido de ver como é que se consegue minimizar este impacto”.
O presidente da AEP acrescentou que em Espanha “o problema é o mesmo”, o que já levou o Governo espanhol a eliminar um imposto sobre a produção (de 7%), criado há uns anos para reduzir o défice tarifário, que depois os produtores repercutiram sobre os consumidores.
“Urge tomar medidas, de outra forma a competitividade das empresas pode ser colocada em risco”, alertou.
De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Economia, em julho de 2018 o preço de eletricidade no MIBEL fixou-se em 61,87 euros, que comparam com 48,52 euros registado no mesmo mês do ano anterior.
Em agosto, os governos de Portugal e Espanha anunciaram que vão “pôr em marcha” um grupo de trabalho para analisar a subida de preços no MIBEL, ressalvando que não descartam a possibilidade de reforma do mercado.
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