No dia em que o primeiro-ministro, António Costa, visita a sede da ANJE, no Porto, para participar no evento "Together We Think Global" [Juntos pensamos global, em português], Alexandre Meireles explicou que a estratégia digital da ANJE tem como "principal objetivo capacitar as empresas não tecnológicas".
"Sentimos que houve em Portugal nos últimos anos, e bem, um grande apoio ao setor mais tecnológico [...], mas algures nesse processo o setor menos tecnológico ficou um bocadinho esquecido, o setor tradicional da economia", adiantou.
Nesse sentido, o "grande objetivo da estratégia para a transição digital é digitalizar essas empresas e capacitar esses empresários", prosseguiu, salientando que a pandemia veio acelerar os processos para o digital, mas ainda há muito a fazer.
"Estimamos que mais de 50% dos nossos associados tenham um nível baixo de literacia digital, necessitam de capacidades para evoluírem e com esta pandemia surgiram, através do nosso gabinete de crise, os vários pedidos de apoio", sendo o mais comum o de terem ficado sem vendas porque as lojas físicas fecharam, acrescentou.
A pandemia fez a ANJE centrar-se no apoio à digitalização e nas empresas não tecnológicas, desde o comércio tradicional, restauração, entre outros.
O presidente da ANJE recordou que durante a pandemia foi feita uma parceria com a Dott para permitir que os seus associados - que ficaram sem vendas porque encerraram as lojas - beneficiassem de condições especiais na entrada naquela plataforma 'online'.
O comércio tradicional, a restauração e o turismo são setores que precisam de um canal digital porque "são setores que mais dependem do contacto direto da venda" e daí "sobressaiu a necessidade de digitalização", referiu.
"O que queremos fazer com o acelerador digital é", em primeiro lugar, "um diagnóstico do ecossistema e das empresas, pretendemos através do nosso acelerador saber como está a economia", explicou.
Depois, "pretendemos constituir um júri multifacetado" que ajude a selecionar "empresas para este acelerador e que, numa segunda parte, sirva como um conjunto de mentores", explicou.
"Procuramos empresários de renome, quer na área tecnológica, quer nas empresas, quer na RH [recursos humanos]", acrescentou, apontado que serão selecionadas entre 10 a 15 empresas para entrar no acelerador digital, que terá duas edições por ano.
Depois segue-se um programa de capacitação bem direcionado com objetivos concretos", para que os empresários - muitos deles de uma geração mais antiga - saibam exatamente o que têm de fazer para otimizar o negócio.
No âmbito deste acelerador digital, será feito o desenho estratégico do negócio e o apoio à implementação das medidas.
O momento seguinte, disse o responsável da ANJE, é esperar que os negócios possam "escalar" e ter "um conjunto de investidores para injetar dinheiro nestes setores da economia".
A ANJE pretende reunir um conjunto de investidores com capacidade de ajudar as empresas a escalar e internacionalizar o seu negócio.
No final, a associação pretende criar um prémio para ser atribuído às empresas que tenham tido os melhores resultados no acelerador digital.
Relativamente ao evento que decorre hoje com o primeiro-ministro, o presidente da ANJE disse que uma das questões que os empresários pretendem saber é quando chegará à economia - diga-se empresas - "o dinheiro da bazuca".
"Este será um dos temas, como também que tipo de empresas e de projetos é que vão ser apoiados", adiantou.
Também "queremos alertar o primeiro-ministro para que otimize as estruturas intermédias do Estado", porque a "burocracia atrasa os projetos" e, numa altura em que se espera a 'bazuca' financeira, "queremos que [esta] chegue o mais rapidamente possível e é importante que chegue às PME", referiu.
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