“Geralmente, as nossas previsões são bastante boas, mas devo dizer que reparei, nos anos mais recentes, que por vezes fomos um pouco pessimistas no que diz respeito a Espanha e Portugal”, declarou Pierre Moscovici, durante a conferência de imprensa de apresentação das previsões económicas de outono da Comissão Europeia, que projeta um crescimento económico em Portugal para este ano de 2%, uma décima acima das projeções do Governo.
Moscovici argumentou que, ainda assim, prefere que as previsões de Bruxelas sejam mais conservadoras do que as dos governos dos Estados-membros.
“Se jogarmos Monopólio, é melhor que o erro da banca seja a nosso favor do que o inverso. Por isso, sou muito cauteloso com estas previsões”, argumentou.
O comissário observou que, de acordo com as mais recentes previsões macroeconómicas da Comissão, o crescimento económico deverá desacelerar um pouco em Portugal, “mas ainda assim a níveis bastante substanciais”, com uma progressão do Produto Interno Bruto (PIB) de “2,4% em 2018, de 2,0% em 2019 e de 1,7% tanto em 2020 e 2021, muito acima da média da zona euro”.
“E, do nosso ponto de vista, esta moderação não se deve a este ou àquele fator de finanças públicas, mas antes à procura externa, uma vez que o consumo privado e investimento permanecem robustos”, declarou.
Comentando que a economia portuguesa, tal como as restantes, está “aberta ao mundo e não é independente do que acontece globalmente”, Pierre Moscovici sublinhou que “tal significa também que, em caso de melhores circunstâncias, a taxa de crescimento (de Portugal) pode ser melhor, ainda melhor” do que aquela prevista agora pela Comissão.
Nas previsões de outono hoje publicadas, a Comissão Europeia melhorou em três décimas a previsão de crescimento económico de Portugal para 2% este ano, quando nas projeções de verão, em julho, antecipava 1,7%, estimativa que mantém para 2020, tal como há quatro meses.
No Projeto de Plano Orçamental enviado para Bruxelas em 15 de outubro, o Governo estimou que a economia portuguesa desacelere de um crescimento de 2,4% em 2018, para um crescimento de 1,9% em 2019 e volte a acelerar para um crescimento de 2% no próximo ano.
Há um ano, por ocasião das previsões económicas de outono de 2018, as projeções “conservadoras” da Comissão para Portugal levaram mesmo o primeiro-ministro, António Costa, a recorrer à sua conta oficial na rede social Twitter para comparar as previsões de Bruxelas com os resultados económicos alcançados em 2016 e 2017 em termos PIB, défice orçamental e desemprego, para mostrar que Bruxelas vinha a errar nas suas estimativas para Portugal, um "pessimismo" hoje reconhecido por Moscovici naquela que foi a sua última apresentação de previsões macroeconómicas, dado a atual "Comissão Juncker" cessar funções no final do mês.
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