Nas previsões económicas de inverno divulgadas esta segunda-feira em Bruxelas, o executivo comunitário estima que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro no seu conjunto tenha crescido 1,7% em 2016 (tal como projetara no outono) e cresça 1,6% em 2017 e 1,8% em 2018, acrescentando assim uma décima às suas projeções anteriores de novembro, quando previa 1,5 e 1,7%, respetivamente.
Para o conjunto da União Europeia a 28, Bruxelas estima que, depois de um crescimento de 1,9% em 2016 (no outono calculava que a UE terminaria o ano com 1,8%), a economia cresça 1,8% em 2017 (contra 1,6% das anteriores projeções) e mantenha o mesmo ritmo em 2018 (neste caso, uma ligeira revisão em baixa, pois em novembro previa 1,9% para o próximo ano).
A Comissão Europeia sublinha o facto de, “pela primeira vez em quase uma década, as economias de todos os Estados-membros deverem crescer em todo o período abrangido pelas previsões (2016, 2017 e 2018)”, pois a Grécia — o único país com um recuo em 2015, de 0,2% -, depois de ter registado um ligeiro crescimento de 0,3% no ano passado, deverá crescer 2,7% este ano e 3,1% no próximo.
Apontando que “o PIB real na zona euro cresceu por 15 trimestres consecutivos”, mostrando-se assim “resiliente aos desafios globais do último ano” – como o referendo que ditou a saída do Reino Unido da UE (‘Brexit’), ataques terroristas que atingiram alguns Estados-membros e as eleições presidenciais nos Estados Unidos -, o executivo comunitário adverte no entanto que “as perspetivas estão rodeadas de uma incerteza mais alta que o habitual”.
“Os riscos que envolvem estas projeções são excecionalmente elevados, e embora os riscos, quer para cima, quer para baixo, tenham aumentado, a tendência global permanece inclinada para cima”, sustenta a Comissão Europeia, que admite assim rever em baixa ou em alta as suas projeções na primavera.
Bruxelas nota que as perspetivas de crescimento para as economias avançadas fora da UE melhoraram nos últimos meses, muito em virtude das expetativas em torno de estímulos fiscais nos Estados Unidos, que resultaram em taxas de juro de longo prazo mais altas e na valorização do dólar norte-americano, assim como o crescimento nas economias de mercado emergentes deverá ser firme até 2018, o que, em conjunto, poderá beneficiar as exportações da UE, tanto de bens como de serviços, “após um 2016 fraco”.
O crescimento da economia europeia deverá continuar a ser sobretudo conduzido pelo consumo privado, aponta Bruxelas, ressalvando, todavia, que se deverá registar um abrandamento face ao aumento da inflação, limitando o poder de compra das famílias.
Depois de ter sido muito baixa nos últimos anos, a inflação na zona euro deverá aumentar de 0,2% em 2016 para 1,7% em 2017 e 1,4% em 2018, ainda sem cumprir o objetivo de “abaixo mas próxima dos 2%”, definido como o valor que significa estabilidade dos preços.
Bruxelas espera também que a taxa de desemprego continue a cair, graças aos “efeitos positivos fortes da retoma económica nos mercados de trabalho” e às reformas estruturais levadas a cabo nos Estados-membros, para os valores mais baixos desde 2009, mas ainda assim acima dos níveis anteriores à crise económica e financeira.
A Comissão projeta que a taxa de desemprego na zona euro recue dos 10,0% em 2016 para 9,6% este ano e 9,1% em 2018, enquanto no conjunto da UE deverá regredir dos 8,5% do ano passado para 8,1% em 2017 e 7,8% em 2018.
Por fim, o executivo comunitário prevê que os défices públicos continuem a recuar, devendo cair de 1,7% do PIB na zona euro em 2016 para 1,4% neste ano e no próximo, o que se deve também ao facto de, com os progressos nos mercados de trabalho, “mais pessoas estarem a pagar impostos e contribuições, e menos estarem a receber apoios sociais”.
Entre os riscos que envolvem estas previsões de inverno, a Comissão destaca “as intenções ainda por clarificar da nova administração dos Estados Unidos em áreas políticas chave”, assim como as numerosas eleições que terão lugar este ano na Europa e o início das negociações com Londres em torno do ‘Brexit’.
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