Em causa está uma estratégia para “Moldar o futuro digital da Europa”, hoje adotada pelo colégio de comissários europeus, que se reuniu em Bruxelas, prevendo medidas relacionadas com os dados pessoais, a inteligência artificial e a cibersegurança.

Numa breve declaração à imprensa sobre esta estratégia, em Bruxelas, a presidente do executivo comunitário, que se tinha comprometido a divulgar novas regras para a inteligência artificial nos primeiros 100 dias do seu mandato, disse estar em causa uma nova “abordagem responsável e centrada no cidadão […], que é particularmente cuidadosa nos setores que podem colocar em causa os direitos fundamentais”.

Ursula Von der Leyen apontou que, com a estratégia para a inteligência artificial, “a UE espera atrair mais de 20 mil milhões de euros por ano na próxima década”.

Já no que toca à questão dos dados, para criar um mercado europeu de armazenamento e partilha de informações pessoais, o executivo espera “alavancar um investimento de 4,6 mil milhões de euros”, acrescentou a responsável.

De acordo Ursula Von der Leyen, “o valor da economia de dados é enorme e, hoje em dia, já representa 300 mil milhões de euros na UE, o equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto [PIB]”.

Nos próximos cinco anos, “estes números triplicarão”, projetou a líder do executivo comunitário.

Ursula Von der Leyen notou que em causa também está a criação de postos de trabalho: “Hoje temos 5,7 milhões de empregos e, em cinco anos, estimamos ter 11 milhões de empregos”.

Ao todo, para financiar estas estratégias, a Comissão Europeia propôs hoje investir 15 mil milhões de euros do fundo Horizonte Europa e 2,5 mil milhões de euros do programa de financiamento Europa Digital.

“A Europa já está a liderar na inteligência artificial, já tem uma posição de topo – produzimos, por exemplo, 25% de toda a indústria robótica –, mas também estamos cientes do facto de que as coisas estão a avançar muito rapidamente e temos de fazer mais”, adiantou Ursula Von der Leyen à imprensa.

Em concreto, a Comissão Europeia defendeu hoje a criação de um mercado único de dados pessoais na UE, permitindo por exemplo a partilha de informações na área da saúde, mas que dependerá sempre do aval dos cidadãos.

Já relativamente à inteligência artificial, o executivo comunitário considerou hoje que os sistemas “de alto risco” - como carros, cosmética e brinquedos -, devem ser “certificados, testados e controlados”, enquanto os restantes devem ter uma rotulagem voluntária, que “respeite as normas” europeias.

Na área da inteligência artificial, Bruxelas lançou também um debate até 19 de maio sobre o reconhecimento facial (usado por exemplo nos telemóveis para os desbloquear) na UE, alertando sobre possíveis “riscos” e notando que o uso deste tipo de identificação biométrica vai contra as regras comunitárias.

No que toca à cibersegurança, o executivo comunitário anunciou hoje a criação de uma Unidade Cibernética Conjunta na UE para proteger “infraestruturas críticas” do espaço comunitário, numa altura em que se estão a desenvolver as redes móveis de quinta geração (5G).