António Costa começou por elogiar o exemplo na Autoeuropa, que retomou a produção, como prova de que "é possível regressar ao trabalho em segurança", ainda que em moldes diferentes daqueles que eram conhecidos.
"É evidente que hoje só podemos voltar a trabalhar em condições diferentes das normais", dando como exemplos a necessidade de usar máscara, ter maior distanciamento, ter disponível material desinfetante e até mudar de roupa para não se levar para casa o novo coronavírus.
Depois, Costa aproveitou a oportunidade para deixar duas mensagens — duas reflexões — à Europa, sendo elas:
"Se queremos enfrentar com segurança a nossa capacidade de sermos um centro importante de produção industrial temos de encurtar as cadeias de valor, não depender tanto de fornecimentos que vêm de outros continentes ou de locais no continente europeu que oferecem menos qualidade ou segurança institucional. Pelo contrário, é necessário concentrar as cadeias de valor em países onde a qualidade institucional dá segurança e diminui os riscos de disrrupção", disse.
Numa segunda análise, lembrou que "99% da produção da Autoeuopa é para exportação" e que o desafio que temos pela frente não é apenas de recuperar a economia portuguesa, mas a europeia. "A resposta da União Europeia não pode ser à medida de cada país. Ou todos retomamos ao mesmo tempo ou nenhum conseguirá retomar isoladamente".
Pegando no mote deixado pelo primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve igualmente presente nesta visita, pediu que a Europa responda "com urgência" a este desafio.
"Nós esperamos da Europa, e esperamos com urgência, com premência, uma palavra de afirmação, de fé, de futuro. E essa palavra tem de ser dada rapidamente. Significa reconstrução, solidariedade, significa caminhar para horizontes que são aqueles que justificaram o nascimento da Europa", disse Marcelo.
"E se nós esperamos que a Europa esteja à altura da circunstância, nós [também] confiamos em Portugal e nos portugueses", disse ainda Marcelo, salientando a capacidade de trabalho em conjunto para ultrapassar a crise provocada pela pandemia de covid-19 a nível social e económico. "Cá estaremos todos, que este é um espirito de equipa que não se quebrou, a construir um Portugal melhor".
Costa desafia Marcelo à reeleição
O primeiro-ministro afirmou hoje também que espera voltar com Marcelo Rebelo de Sousa à fábrica da Autoeuropa, em Palmela, após a reeleição do atual Presidente da República, logo no primeiro ano do seu novo mandato, em 2021.
António Costa fez esta alusão à eventual recandidatura do chefe de Estado no final de uma visita de hora e meia à Autoeuropa, tendo o chefe de Estado ao seu lado, assim como o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
Segundo o primeiro-ministro, em relação à Autoeuropa, "estabeleceu-se uma nova tradição de que o Presidente da República e o primeiro-ministro visitam-na em conjunto".
"Foi assim em 2016, no primeiro ano de mandato do Presidente da República, e foi agora no último ano do seu atual mandato. Tenho uma boa data simbólica a propor para fazermos uma terceira visita em conjunto e para partilharmos uma refeição com os colaboradores da Autoeuropa: A terceira data é no primeiro ano do próximo mandato do senhor Presidente da República", disse António Costa.
Governo vai adquirir um automóvel em cada uma das quatro indústrias instaladas em Portugal
O primeiro-ministro afirmou hoje que a Presidência do Conselho de Ministros irá em breve adquirir um automóvel em cada uma das quatro unidades que produzem de raiz veículos em Portugal, dando um sinal de confiança nesta indústria.
"Retribuindo o sinal de confiança que a indústria automóvel demonstrou no país, também gostaríamos de dar um sinal de confiança naquilo que é o futuro da indústria automóvel em Portugal. Por isso, nas próximas semanas, a Presidência do Conselho de Ministros irá proceder à aquisição de uma viatura em cada uma das quatro unidades industriais que em Portugal produzem de raiz automóveis", declarou António Costa.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro destacou a importância da fileira automóvel para a economia nacional, dizendo que, entre fornecedores e produtores, representa "uma parte importante do Produto Interno Bruto (PIB) nacional".
"Este é talvez dos ramos industriais em que se torna mais evidente a dependência das cadeias de valor e de fornecimento, mas também a necessidade de haver uma retoma da economia à escala global", defendeu.
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