Nos últimos três meses de 2021, o número de processos de insolvência foi nove pontos percentuais inferior ao mesmo período homólogo de 2020 e atingiu o valor mais baixo da década, noticia esta quarta-feira o Jornal de Notícias.

Segundo o jornal, os apoios disponibilizados pelo Estado no âmbito da pandemia de covid-19, nomeadamente as moratórias bancárias, travaram a falência de empresas e famílias, com um reflexo significativo na quantidade de casos.

De um total de 2.476 processos de falência, insolvência ou recuperação de empresas, 2021 terminou com 1991 insolvências decretadas, menos 5,4% face a 2020, o valor mais baixo desde 2010, quando foram decretadas 1744 falências.

Os próximos anos

Atualmente, e de acordo com o Banco de Portugal, os níveis de incumprimento dos particulares, no que diz respeito a empréstimos para consumo ou habitação, mantêm-se em mínimos históricos, de 7,2%. No entanto, o aumentado da inflação somada às perspetivas de subida das taxas de juro podem alterar o contexto no futuro.

"É normal que as insolvências das famílias não tenham aumentado ainda porque, durante quase dois anos, as moratórias permitiram amealhar alguma poupança que está a amortecer o atual aumento do custo de vida devido à inflação. [...] Antecipamos problemas para os trabalhadores com salários mais baixos e os reformados que, com taxas de esforço já elevadas, podem não aguentar o aumento das prestações da casa. Mas as famílias tendem a demorar a chegar à insolvência, que é um último recurso", disse Natália Nunes, a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, ao JN.

No entanto, o mesmo jornal cita Zita Medeiros, especialista em direito civil, bancário e financeiro e contencioso, que antecipa que "antes das insolvências dos particulares, virão as das empresas", sublinhando que "até ao final deste ano, início de 2023, não vamos ter reflexos reais das dificuldades económicas na economia".