Em entrevista à Lusa, após o banco ter apresentado hoje prejuízos de 359 milhões de euros até setembro, uma melhoria de 14,3% face a período homólogo, António Ramalho afirmou que, "para efeitos da obtenção dos resultados em custos", a sua administração decidiu "antecipar para setembro a conclusão de todo o seu programa de reestruturação já anunciado para o final do ano".
Em termos de trabalhadores, o Novo Banco informou hoje em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que, nos primeiros nove meses do ano, saíram do banco 1.062 trabalhadores, que compara com o objetivo de uma redução de 1.000 pessoas no total do ano de 2016.
Já incluindo as operações internacionais, disse António Ramalho à Lusa, o número de saídas sobe para as 1.300 pessoas: "Aqui só colocámos o processo de reestruturação com as operações nacionais. Se juntássemos as operações internacionais, estaríamos já a falar de uma saída global de 1.300 pessoas, portanto, praticamente cumpridos todos os objetivos até ao final de 2017", afirmou.
As saídas de trabalhadores este ano do Novo Banco aconteceram através de reformas antecipadas, rescisões por mútuo acordo e houve ainda um processo de despedimento coletivo que envolveu cerca de 50 pessoas.
Quanto à rede comercial, o Novo Banco conta chegar ao final de 2016 com 540 agências, contra as 550 previstas.
Estas reduções na estrutura contribuíram para a diminuição este ano dos custos operacionais em 145 milhões de euros, muito próximo da redução de 150 milhões de euros prevista para dezembro, segundo a instituição.
Citando estes dados, o presidente do Novo Banco afirmou que "todos os objetivos estão já atingidos", destacando que isto permite a "concentração no negócio", e que até final de 2016 "só [haverá] as [saídas] normais" de trabalhadores.
Já sobre se haverá um novo processo de saída de funcionários em 2017 caso não seja encontrado comprador para o Novo Banco até final de 2016, António Ramalho foi perentório e disse que "essa questão nem se coloca".
Sobre a venda da entidade que dirige, e que resultou da resolução do ex-Banco Espírito Santo (BES), António Ramalho diz que o Novo Banco cumpriu a parte que lhe cabia de "informar potenciais compradores" até ao passado dia 4 de novembro, data até à qual os interessados podiam apresentar propostas finais.
"Há um tempo para informar potenciais compradores e há um tempo para decidir sobre eles. Vamos agora aguardar que esse tempo seja exercido com toda a serenidade, mas dentro do que é a programação prevista", acrescentou o responsável.
Nos resultados hoje apresentados ao mercado, o Novo Banco explicou que constituiu 762,6 milhões de euros de imparidades, mais 298,3 milhões de euros face ao período homólogo de 2015, sendo essas provisões sobretudo para crédito (425,8 milhões de euros), mas também 113,7 milhões para fazer face a perdas potenciais com títulos e 110,6 milhões para custos de reestruturação, em que se incluem segundo António Ramalho "os custos de encerramento de edifícios e de redução de serviços".
Questionado sobre quanto é que o Novo Banco gastou com a saída de pessoal, o presidente da instituição disse que esse exercício será feito "apenas no final do ano", mas garantiu que está dentro do previsto e que "não há custos adicionais".
Depois de no ano passado ter falhado o primeiro processo de venda, o Novo Banco negociou um plano de reestruturação com a Comissão Europeia que implica a redução da estrutura, cortes de custos e vendas de unidades no estrangeiro.
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