Com a pandemia Covid-19, foram vários os países a necessitar de implementar pacotes de apoio económico extraordinários para combater os efeitos do coronavírus.
No que diz respeito aos países da União Europeia, estes contam com o apoio financeiro de Bruxelas. De acordo com o Eurogrupo, as medidas orçamentais para o apoiar os países europeus afetados pelas consequências económicas do novo coronavírus equivalem a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) destes Estados-membros. No total, estão disponíveis cerca de 37 mil milhões de euros, para os 27 países europeus. Destes 37 mil milhões, Portugal pode vir a arrecadar 1,8 mil milhões de euros, para apoiar os setores afetados pela covid-19.
Em Portugal, já se sabe que medidas estão a ser implementadas. Mas e no resto do mundo? Quais são os pacotes económicos que estão a ser colocados em vigor?
China
No que diz respeito à China, a informação é escassa. O Banco Central chinês vai injetar cerca de 500 mil milhões de Yuan (cerca de 64 mil milhões de euros) na economia. O Banco informou ainda que iria implementar medidas para reduzir os custos associados aos empréstimo, para proteger a economia que foi afetada.
Estados Unidos da América
O Senado dos Estados Unidos da América aprovou, com apoio de democratas e republicanos, um plano de apoio económico de 2,2 biliões de dólares.
Dentro deste plano, será providenciado um apoio que vai até 1.200 dólares (1,093 euros, sensivelmente) para os cidadãos americanos que necessitem de alívio financeiro; um programa para negócios, cidades e estados, que corresponde a 500 mil milhões de dólares (cerca de 452 mil milhões de euros); e um fundo de 367 mil milhões de dólares (cerca de 331 mil milhões de euros) para as pequenas empresas. O plano abrange ainda os hospitais, que poderão contar com um apoio de 130 mil milhões de dólares (o que equivale a 118 mil milhões de euros), assim como permite a expansão do subsídio de desemprego.
Este investimento é igual à metade do orçamento anual federal. Steven Mnuchin, secretário do Tesouro, afirmou que o plano será para três meses, mas espera não "precisar disto tanto tempo".
Canadá
O senado do Canadá aprovou um plano de emergência no valor de 75 mil milhões de dólares canadianos (cerca de 49 mil milhões de euros), escreve a AFP.
Dos 75 mil milhões de dólares canadianos, que representam o total das medidas, cerca de 52 mil milhões serão para ajudar diretamente cidadãos e empresas; e 55 mil milhões para adiamentos de impostos.
Dentro das medidas que serão tomadas, destaca-se o apoio financeiro temporário aos abonos de família. Também será disponibilizado um subsídio para os trabalhadores que têm de ficar em casa, para cuidar de membros da família que se encontram doentes. Foi ainda criado um fundo para ajudar a comunidade estrangeira e estão também disponíveis apoios para os centros e abrigos que protegem vítimas de agressão sexual.
Brasil
No que diz respeito ao Brasil, o Governo brasileiro anunciou no dia 16 que iria implementar medidas de emergência no valor de 150 mil milhões de reais (o que representa cerca de 27 mil milhões de euros).
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, 83,4 mil milhões de reais (o que equivale a 15 mil milhões de euros, sensivelmente), estão destinados para os membros mais vulneráveis da sociedade; 59,4 mil milhões de reais (que ronda os 10,7 mil milhões de euros) serão para ajudar as empresas; e 4,5 mil milhões de reais (que equivale, sensivelmente, a 800 milhões de euros) servirão diretamente para o combate contra o coronavírus.
Alemanha
A Alemanha aprovou, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o maior pacote de medidas económicas. No total, este soma 750 mil milhões de euros, o que equivale a quase 22% do Produto Interno Bruto (PIB) alemão. A proposta foi aprovada pela maioria do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão).
O pacote vem acompanhado por um orçamento suplementar de 156 mil milhões de euros, dos quis 50 mil milhões fazem parte de um fundo de resgate para pequenas empresas e 3.500 milhões para apoio urgente ao sistema de saúde.
O plano inclui ainda a reativação do Fundo de Estabilização criado na crise financeira, uma ferramenta com 600 mil milhões para apoiar empresas com problemas de liquidez e capitalização e que prevê mesmo nacionalizações temporárias.
O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, afirmou ainda que a "Alemanha estará ao lado dos seus parceiros europeus” e apoiará “os países mais pobres” a superar a crise económica e sanitária causada pela pandemia de covid-19.
Reino Unido
No dia, 17 de março, o Reino Unido anunciou que irá implementar um fundo económico de 330 mil milhões de libras (ou seja, cerca de 364 mil milhões de euros), para ajudar as empresas e a economia britânica no geral.
Este apoio é equivalente a 15% do PIB.
As medidas deste pacote "sem precedentes" , como diz o ministro das Finanças, Rishi Sunak, estão aplicadas de uma forma que "qualquer empresa que precise de dinheiro para pagar a renda, salários, fornecedores ou compra de ações poderá ter acesso a um empréstimo ou crédito com garantia do Governo em condições atrativas. E se a procura for maior, irei mais longe e fornecerei a capacidade necessária", disse o ministro.
Às empresas, o Governo irá compensar na sua totalidade aquelas que, mesmo sem colaboradores a trabalhar, continuem a pagar salários até 80%. Foi também oferecido às empresas um pacote ilimitado de garantia de empréstimos, ou seja, poder-se-á fazer empréstimos diretos do Banco de Inglaterra para grandes empresas. Aquelas que pertencem aos setores afetados terão direito a usufruir da abolição geral de impostos de propriedade.
Já às empresas mais pequenas poderão usufruir de subsídios.
Espanha
No dia 17 de março, o Primeiro-Ministro Espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que iria implementar um pacote de medidas de apoio económico no valor de 200 mil milhões de euros — que representa cerca de 20% do PIB espanhol. Sánchez diz que este investimento é "a maior mobilização de recursos na história democrática da Espanha". 117 mil milhões serão "inteiramente públicos" e os restantes privados.
Neste pacote está incluída uma linha de crédito de 100 mil milhões de euros para as empresas, o que permitirá a mobilização de um total entre 150 mil e 200 mil milhões de euros, se se acrescentar a parte do setor privado, disse o chefe do Governo.
O Governo também aprovou a aceleração dos chamados em Espanha 'Processos de Regulação Temporário do Emprego' (despedimento coletivo) devido à crise provocada pelo coronavírus, sendo que todos os trabalhadores afetados terão o direito a receber o subsídio de desemprego, não sendo o tempo passado no desemprego contabilizado como tempo perdido.
Neste plano está ainda incluída a moratória do pagamento de empréstimos à habitação, para trabalhadores que se encontrem em situação de vulnerabilidade, assim como a medida que determina que os serviços de água, luz e gás não poderão ser cortados por falta de pagamento.
O Governo espanhol decidiu ainda alterar a regulamentação do investimento estrangeiro para evitar que empresas de países fora da União Europeia (UE) assumam o controlo de entidades espanholas em setores considerados estratégicos, aproveitando a sua queda na bolsa.
O objetivo é evitar que empresas espanholas de setores estratégicos acabem nas mãos de outras empresas "aproveitando a queda estrutural do valor de suas ações na bolsa nesta situação de crise económica e extrema volatilidade nos mercados financeiros em que vivemos", disse Sánchez.
Itália
Recorrendo aos apoios de Bruxelas, Itália implementou um plano de medidas económicas que rondam os 25 mil milhões de euros. Deste montante, cerca de 1,15 mil milhões serão aplicados ao sistema de saúde e perto de 1,5 mil milhões de euros para a proteção civil, que é quem está responsável pela resposta ao coronavírus.
As restantes medidas deste plano abrangem as empresas, os trabalhadores independentes — que terão direito a um pagamento único de 500 euros —, as famílias italianas e os serviços, como é o caso dos táxis e dos correios. Será ainda atribuído um bónus aos trabalhadores que continuam necessariamente a trabalhar durante a quarentena.
O Governo italiano adiantou ainda que também iria apoiar financeiramente a companhia aérea nacional, Alitalia, na qual o Estado já investiu cerca de 900 milhões de euros.
França
Segundo o Financial Times, Emmanuel Macron prometeu um apoio financeiro ilimitado para as empresas e trabalhadores afetados pela pandemia provocada pelo coronavírus. Uma medida, que, segundo o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, custará cerca de 45 mil milhões de euros.
Nesta iniciativa, está também incluído o pagamento extraordinário e temporário a trabalhadores que tenham sido dispensados, devido ao coronavírus. O estado francês informou ainda que entre os recursos para sustentar a economia, se destacam 300 mil milhões de euros em garantias estatais, para que se possam realizar empréstimos bancários às empresas, e um bilião de euros, providenciados pelas instituições europeias, para serem aplicados nessas mesmas garantias.
Entre as medidas apresentadas há ainda o possível resgate de empresas em que o Estado é acionista, como a Air France, assim como adiar o pagamento de impostos e de prestações sociais por parte das empresas.
No que diz respeito as pais que tenham de ficar com crianças, estes irão receber o pagamento respetivo a uma baixa médica, embora não estejam doentes.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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