Numa declaração enviada à agência Lusa após a reunião entre os dois responsáveis, que decorreu em Bruxelas, lê-se que, no encontro, “o comissário Hogan repetiu a opinião da UE de que a Organização Mundial de Comércio [OMC] é o local apropriado para tratar de disputas comerciais e, se os EUA avançarem com uma ação unilateral fora da OMC, a UE reagirá de forma proporcional”.
“Todas as opções serão consideradas”, garantiu o comissário europeu, lembrando os apelos feitos pela UE para chegar a um “acordo equilibrado” com os Estados Unidos.
O encontro surgiu depois de, esta segunda-feira, um painel de arbitragem da OMC ter divulgado que a UE e quatro Estados-membros — França, Alemanha, Espanha e Reino Unido — não estão a cumprir as ordens de acabar com os subsídios ilegais à fabricante de aviões europeia Airbus, situação que, há dois meses, levou a organização a autorizar tarifas norte-americanas de retaliação.
Em causa está a disputa de quase 15 anos entre a UE e os Estados Unidos relativa aos apoios públicos às respetivas fabricantes aeronáuticas, Airbus (francesa) e Boeing (norte-americana), com a OMC a adotar decisões que, umas vezes, são favoráveis à União, outras à administração norte-americana.
No início de outubro, a OMC decidiu a favor dos Estados Unidos e autorizou o país a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.
Esta foi a sanção mais pesada alguma vez imposta por aquela organização.
Entretanto, esta segunda-feira, os juízes da OMC defenderam que estas tarifas adicionais devem ser reduzidas em cerca de dois mil milhões de dólares para perto de cinco mil milhões de dólares (quase o mesmo em euros).
Apesar de a totalidade dos 28 países da UE ser afetada por estas medidas da administração do Presidente Donald Trump, países como Espanha, Alemanha, França e Reino Unido são especialmente visados na lista do Departamento de Comércio norte-americano.
Esta terça-feira, o ministro das Finanças de França, Bruno Le Maire, ameaçou com uma “forte resposta europeia” se a administração de Trump avançar com tarifas adicionais sobre o vinho, queijo, malas e outros produtos franceses.
Para toda a UE estão em causa taxas aduaneiras de 10% na aeronáutica e de 25% na agricultura.
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