Em declarações à margem de uma conferência organizada na sede da UGT, o secretário-geral da organização diz que prefere “manter uma postura moderada” nas negociações, mas considera que, face ao ritmo económico do país, os 585 euros seriam “razoáveis”.
“Temos de manter a pressão, até para empurrar os outros salários para cima”, afirmou Carlos Silva.
O secretário-geral da UGT lembrou que o Orçamento do Estado deste Governo já veio devolver rendimentos, com preocupações de consolidação orçamental, e defendeu que o crescimento do salário mínimo deve ser continuo, de forma a chegar aos 600 euros em 2019.
Sobre as reivindicações dos patrões, que pedem contrapartidas para aumentar o salário mínimo, Carlos Silva sublinhou: “Já assinámos acordos em que estava prevista a redução da TSU [Taxa Social Única] para as empresas, mas a este nível preferimos ir pela via da redução do IRC para as empresas que invistam no interior do país e ajudem a combater a desertificação do território”.
“É preciso também penalizar quem usa a precariedade e dar benefícios a todos os outros que optem pelos contratos a termo, para dar estabilidade ao trabalhador. É que nem todos os setores são sazonais”, acrescentou.
Sobre os 600 euros de salário mínimo proposto pela CGTP, Carlos Silva afirma: “Não somos contra, mas parece que vai para além do ritmo [económico]. Prefiro apostar na moderação”.
A próxima reunião da concertação social está marcada para a próxima sexta-feira e, segundo os parceiros, será para se iniciar o debate sobre a atualização do salário mínimo.
No passado fim de semana, em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, manifestou-se indisponível para aceitar a proposta de 600 euros de salário mínimo para 2018.
Questionado sobre um possível aumento do salário mínimo para 580 euros, o empresário disse que a CIP não fará desse valor “um cavalo de batalha” e que só tomará posição depois de saber a proposta do Governo.
Já na segunda-feira, no Fórum da TSF, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, afastou a possibilidade de um aumento do salário mínimo, atualmente em 557 euros, que eleve a remuneração acima dos 580 euros.
“Apesar de o Governo ainda não ter apresentado nenhuma proposta para este ano, não vejo nenhuma razão significativa para alterar a trajetória que seguimos até agora”, afirmou o ministro.
“O mais provável é mesmo que seja esse o ponto de partida para o debate na Concertação Social”, acrescentou Vieira da Silva.
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