
"Espero e torço para que a senhora Le Pen vença essa perseguição e possa disputar as próximas eleições presidenciais" em 2027, escreveu Bolsonaro, na segunda-feira, na rede social X.
"O povo é quem deve decidir quem será o próximo Presidente da França em 2027", acrescentou o político de extrema-direita, também condenado à inelegibilidade política no Brasil.
"O crescimento da Direita é uma realidade em todo o mundo. A esquerda na França, como no Brasil, opta pelo caminho do 'lawfare', do ativismo judicial, para buscar eleições sem oposição", defendeu Bolsonaro.
A 'lawfare' é "a utilização intencional do direito para atingir um determinado objetivo estratégico, operacional ou tático contra um determinado adversário", disse à Lusa em fevereiro a especialista norte-americana Jill Goldenziel.
"Acredito que a inelegibilidade de Marine Le Pen segue a mesma cartilha também da Venezuela, onde a oposição de [o Presidente Nicolás] Maduro, Maria Corina [Machado], ficou fora da cédula eleitoral por uma absurda inelegibilidade de 15 anos", disse Bolsonaro.
Marine le Pen, condenada na segunda-feira por desvio de fundos do Parlamento Europeu, declarou-se vítima de uma sentença "política" que visa impedir "a favorita para as eleições presidenciais de poder candidatar-se" em 2027.
Numa entrevista televisiva ao canal TF1, em que reagiu pela primeira vez à sentença judicial que a inabilita para cargos públicos durante cinco anos, Le Pen qualificou a mesma de "política" e denunciou práticas "reservadas aos regimes autoritários", prometendo lutar pela candidatura presidencial dentro de dois anos.
Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi condenada pelo Tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100 mil euros e a cinco anos de inelegibilidade, a cumprir imediatamente e aplicados mesmo em caso de recurso.
A potencial candidata presidencial da RN e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
As reações a contestar a deliberação chegaram também de líderes europeus nacionalistas e de extrema-direita, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o líder da Liga italiana, Matteo Salvini, o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal.
Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita, Geert Wilders, considerou a decisão "incrivelmente dura", e o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dimitri Peskov, disse que o desfecho no tribunal é uma clara "violação das normas democráticas".
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Lusa/Fim
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