A troca de argumentos entre os dois começou na fase do debate quinzenal das perguntas do Chega e prolongou-se pela do PSD, depois de, quer o primeiro-ministro, quer o líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, terem acusado o presidente do Chega de já ter sido condenado pela justiça.
Na abertura do debate, André Ventura referiu o caso do ex-secretário de Estado Hernâni Dias e defendeu que "ser sério é dizer a quem comete crimes que a porta da rua é a serventia da casa".
"Se eu fosse como o senhor deputado, responder-lhe-ia assim 'por essa ordem de razão, a porta estava aberta para si, que já foi acusado e até condenado'", ripostou o primeiro-ministro.
André Ventura desafiou o primeiro-ministro a concretizar quando que é que foi "condenado criminalmente" e em que processo.
Luís Montenegro assinalou que o líder do Chega tem essa informação e que "foi no exercício de funções políticas quando se dirigiu a determinados cidadãos e foi condenado pelo Tribunal na componente civil".
"Não vale a pena invocar de forma mais uma vez gratuita a sua postura em comparação com a minha postura, [...] até porque joga em seu desfavor", afirmou, recomendando que Ventura: "não seja masoquista".
André Ventura disse que o "primeiro-ministro mentiu" e acusou-o de "ser o político mais baixo dos últimos anos desta casa" e deixou-lhe um conselho.
"Se levar tudo como um ataque pessoal, então, senhor primeiro-ministro, está na hora de ir embora", afirmou, depois de ter exigido respostas ao chefe de Governo sobre o número de cidadãos imigrantes em Portugal.
"Não confunda o seu desejo com a realidade. Eu estou aqui para dar e durar, ao contrário do sr. deputado: está aqui porque queria ser primeiro-ministro e assim se apresentou ao eleitorado. Depois, quis ser ministro. E agora quer ser Presidente da República. Quem está com vontade de ir embora não sou eu, é o senhor deputado", criticou o primeiro-ministro.
Montenegro considerou que o líder do Chega tem "uma forma de estar que não indicia seriedade, honestidade, bom senso, moderação espírito de respeito pelas instituições, pelas pessoas, que é aquilo que deve marcar a ação política" e acusou Ventura de ser "altamente contraditório com os princípios que invoca e exige aos outros".
Em seguida, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, retomou o tema da condenação de André Ventura por ter ofendido a honra e o bom nome de uma família do Bairro da Jamaica, no Seixal, por afirmações feitas, em 2021, durante um debate televisivo durante a campanha para as presidenciais que realizou com Marcelo Rebelo de Sousa.
"Foi efetivamente condenado pela prática de um crime no exercício de funções políticas. O senhor primeiro-ministro não mentiu e, pelo seu critério, já não estava a liderar a bancada do partido Chega", acusou.
André Ventura fez uma interpelação à mesa para que fosse distribuída a sentença da sua condenação, que salientou ter sido cível e não criminal.
FM/SMA // SF
Lusa/fim
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