Um homem que deixou de ser primeiro ministro por causa de um golpe, não há outra forma de o dizer, foi acusado de tudo e mais não sei quê, e que agora é o maior. Porque Portugal tem esta coisa pequenina de se ver só ao espelho dos outros.

O molde com que se fizeram vários políticos na história portuguesa partiu-se, António Costa é o último desta dimensão. Quem tem a sua experiência? Poucos.

Quem disse que o seu futuro estava condenado, que não faria mais nada, pode agora tentar adivinhar outras coisas, mas só por diversão, claro, porque terão de se entreter e não dar a mão à palmatória. Isto serve para jornalistas, comentadores, adversários políticos.

António Costa não é perfeito, mas anda na política desde os 14 anos. Não é infalível, mas tem uma ideia decente do que é serviço público, algo que me parece coisa rara e em extinção nos dias que correm.

Será um bom presidente do Conselho Europeu? Será óptimo, mesmo com falhas e erros que, em boa verdade, são apanágio do ser humano e pouco mais. Portugal terá saudades de António Costa? Com o "estado a que nós chegámos", sinceramente, acho que teremos - temos - muitas. Para consolo, algumas almas fazem futurismo: o homem voltará para ser um grande presidente. Pode ser que sim, pode ser que não. É como se diz: o futuro a Deus pertence.