A notícia saiu e, como já nos é felizmente habitual de ver, os comentários profundamente humanos e a esbanjar empatia começaram a proliferar pela Internet fora. Nas notícias de casos de violação é quase comovente ver como as pessoas conseguem ser tão vazias de humanidade que lhes permite dizerem coisas como "foi para o quarto com eles, estava à espera de quê, jogar às cartas?" ou "a andar de mini-saia, claro que se estava a pôr a jeito". Duas frases clássicas de pessoas cuja capacidade intelectual se equivale à de um pedacinho de merda a secar ao sol.

No caso desta notícia, o que se leu bastante foi mais do género: "as lésbicas/gays também gostam de provocar", "as pessoas podem ser o que quiserem, mas os gays deviam ser mais recatados em público", entre os também já clássicos sobre a homossexualidade não ser natural e todo esse tipo de preciosidade arrotadas por quem tem medo sabe-se lá do quê.

Não consigo deixar de achar o quão cómico-trágico é, as pessoas que pensam desta forma — claramente devido ao seu debilitado intelecto — também não conseguirem compreender que cada comentário destes, é mais um soco na cara de um homem gay, é mais um pontapé nas costelas de uma mulher lésbica. Faz-me rir de tristeza não compreenderem como são grande parte do problema, quando paradoxalmente se acham tão boas pessoas por, apesar de serem ligeiramente homofóbicas, poderem dizer "calma, também não é preciso bater neles".

Não sei o que dói tanto aos homofóbicos, não entendo o que tanto os aflige na sexualidade dos outros, mas sei que são tristemente patéticos e que me causam uma certa pena, daquele tipo de pena que é desconfortável sentir.

As lésbicas não têm nada que guardar os seus beijos só para dentro de casa. Os gays não têm nada que esconder o seu amor e não andar de mãos dadas na rua. Os transgénero não têm nada que se vestir, maquilhar ou existir da maneira que os outros querem. Os bissexuais, os poliamorosos, os assexuados, os heterossexuais, e todos os outros tipos de sexualidade, não têm absolutamente nada que se esconder de ninguém. Mas se os homofóbicos continuarem a não conseguir lidar bem com isso, pelo menos tentem escondê-lo e não façam parte do grupo de escumalha que agride pessoas por elas cometerem o crime de se amarem.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Chasing the Scream: Um dos livros mais importantes que já li na vida.