Seguindo a linha internacional, também em Portugal se utilizam as tragédias para agitar o jogo do poder e da batata quente das culpas. Se nos Estados Unidos da América e em França, por exemplo, se usam os ataques terroristas como mote para amplificar o medo e ganhar votos e a simpatia do público, em Portugal vemos isto a acontecer com os incêndios que nos têm assolado. Ora lançam as culpas para os eucaliptos, ora para os governos anteriores, ora para o SIRESP, ora para as pessoas que constroem casas à sombra de um pinheiro. Perde-se mais tempo a discutir de quem é a culpa e a medir egos do que a dar soluções que possam prevenir tragédias semelhantes e que atenuem os danos físicos e emocionais de quem teve as chamas perto demais. Trata-se tudo isto como uma catástrofe política em vez de humana. O normal.

Nas eleições para a associação de estudantes da Escola Secundária D. João V, na Damaia, também acontecia isto com as Listas concorrentes:

  • «Na minha altura os cacifos não eram arrombados e assaltados até porque quando a Lista A estava na direção, não havia cacifos ainda.» – dizia a Lista A.
  • «Os cacifos só foram arrombados porque a contínua Miquelina, contratada pela Lista A, devia ter estado mais atenta e não ter deixado entrar aqueles dois gandins sem cartão.» – dizia a Lista B.
  • Depois chegava o Marcelino – o gajo mais popular da escola – e dizia aquilo que o povo queria ouvir: «Se votarem na Lista K prometo que a rádio da escola vai passar mais Kizomba!». Os alunos ficavam ao rubro e esqueciam os assaltos.Tudo isto parece um reality show pago com os nossos impostos em que tudo não passa de um concurso de popularidade em que todos conspiram para que a Voz, ou o público, os expulse da casa no Domingo seguinte e lhes facilite o caminho para a final.As pessoas ficam contentes quando vêem demissões de políticos nestas alturas. Devem pensar que eles vão ficar no rendimento de inserção social e a passar dificuldades em vez de ir para a gestão de uma grande empresa. Haverá outros que dizem «Pois, demitiu-se para fugir às responsabilidades e não ter o trabalho e ter férias!». Eu quando faço merda no trabalho só sou despedido depois de a resolver, mas isto sou eu. Estas consequências políticas são o equivalente a uma palmada na mão, mas o povo fica contente como se por cada demissão “desardessem” mil árvores.

    Uma coisa é certa, no mesmo mundo em que metemos robôs em Marte e em que existem máquinas eléctricas para fatiar pão, andamos todos à espera de chuva para nos salvar. A precipitação vale-nos mais do que os governantes. Chuva essa que, não tarda, causará cheias e revoltará as pessoas novamente. Somos uns ingratos e temos memória curta.Para combater essa memória curta da população, proponho uma Carta de Político que, tal como temos agora na de condução, teria pontos que seriam subtraídos sempre que houvesse uma contra-ordenação, mantendo assim um registo. Desde sempre sinto que os políticos andam a brincar com isto, a conduzir o país sem respeitar os traços contínuos das promessas e sem fazer pisca a avisar para onde nos estão a levar. A carta que proponho começaria com 12 pontos e estas são as situações a ter em conta:

    • Ter sido comentador na televisão: -3 pontos
    • Ter andado numa Jota: -4 pontos
    • Promessa em campanha que não foi cumprida: -5 pontos
    • Usar religião em contexto político: -8 pontos
    • Ter um diploma com falsas equivalências: -10 pontos
    • Ser amigo do Cavaco: -12 pontos

      Chegando a zero ficariam banidos de qualquer cargo público, político e de administrador em empresas privadas.Não nos enganemos: esta tragédia tinha acontecido fosse quem fosse que estivesse no poder. Ao longo de décadas foi-se descurando o ordenamento, a limpeza e a proteção das matas. Isto é um negócio e, infelizmente, a vida de 100 pessoas vale menos do que o dinheiro necessário para as proteger. É o que dá termos gestores, advogados e engenheiros e gerir recursos humanos. Quando Jorge Gomes, Secretário de Estado da Administração Interna, disse «Não podemos ficar à espera dos bombeiros. Temos que nos autoproteger», acho que se enganou e não queria dizer "bombeiros", mas sim "governantes". Parece-me que, realmente, não podemos estar à espera que se importem com os nossos problemas. Temos de nos ajudar mutuamente pois o Estado está-se nas tintas para os nossos problemas.No meio disto tudo, os vegans é que têm razão: é comer as filhas das mães das verduras todas para não andarem aí a arder feitas tolas.

      Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:

      Este site ajuda-te a ajudar os bombeiros: https://longemasjuntos.pt/

      A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) tem ativo o Fundo de Emergência para catástrofes - Informação da CVP ou 213 913 900.

      Porque os animais também merecem, há várias instituições onde podem ajudar os que foram vítimas da natureza e da crueldade ou desleixo humano: aqui fica uma.

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