Dizer mal da TAP é como invocar as obras de Santa Engrácia. Pior ainda, a maioria desconhece o que é isto de Santa Engrácia (demorou mais de 400 anos a construir, hoje é o Panteão Nacional. Para mais informações façam como manda a TAP: vão à Internet, esse antídoto global). Já sobre a TAP há sempre uma experiência pessoal. Pode ser positiva, sosseguem. Não tenho por hábito ser treinador de bancada. Tento admitir que não sei isto ou aquilo ou, se me interessa, vou pesquisar. Sem preguiças. Não costumo dizer que sei o que não sei, só para não me sentir diminuída ou envergonhada. Por exemplo? Não sei qual é o segundo princípio da termodinâmica, mas também nunca me interessou. Em algumas situações, já dei por mim a dizer “eu acho”. Depois penalizo-me porque o “achismo”, já se sabe, é um desporto nacional e incomoda-me; logo, convém ser coerente.
Ora, ao fim de cinco décadas de existência portuguesa, tenho várias experiências que envolvem a TAP. Este fim de semana, infelizmente, lá me encontrei naquela posição de dizer: “Esta bodega não funciona”. Não são os aviões, os pilotos, as equipas de bordo ou as de terra. Para mim, o problema é o mesmo há anos e, pelos vistos, continua: a TAP não sabe comunicar. Não sabe, não quer saber e, sinceramente, é muito pouco inteligente, porque o mal que faz à imagem da empresa não é insignificante, é tremendo.
A Groundforce fez greve, está no seu direito. Vivemos em democracia e as reivindicações dos trabalhadores, divulgadas pela comunicação social, têm a minha solidariedade. O drama é a gestão, que nada tem a ver com a Groundforce.
O aeroporto de Lisboa parecia um filme mau, um cenário cinematográfico de desespero, confusão, indignação. A maioria das pessoas dizia: ninguém diz nada, ninguém explica nada. É um facto. Acresce que o chutar para canto, para o ambiente cibernético, é apenas de mau gosto quando as pessoas – os clientes, senhores! – são info excluídas, por incapacidade, por excesso de idade. Há uma linha telefónica? Experimentem. Bom, tem uma vantagem em relação ao meu veterinário, a música aguenta-se. Ao fim de uma hora… ah, pois, a chamada cai. E a culpa não é de ninguém.
Pessoas em trânsito com testes de COVID, sabendo da validade dos mesmos (e do custo, já agora), passaram o sábado sem respostas. Domingo foi igual. Quem paga? Como se viaja? Quando? Lá está, é um problema de comunicação. E parece não haver quem queira resolvê-lo.
A TAP existe há tempo suficiente para ter um gabinete de crise, para dar formação aos seus funcionários no sentido de pedirem desculpa, de serem empáticos e de dar explicações razoáveis. Também existe há tempo suficiente para saber que despachar a malta para a Internet ou para um telefonema é só criar mais atrito, dar má imagem. Porquê um telefonema? Porque para cancelar o voo – já que a TAP acha que quem queria voar a 18 de julho também o pode fazer a 28 – só é possível por telefone. Ah! Tanta tecnologia e tal, mas na hora de passar para cá o guito, não dá? Pois. E quem comprou lugares com espaço mais generoso para as pernas não será reembolsado desse valor, ficam a saber, o que me dá ainda mais contentamento que é outra forma de dizer que estou a cortar os pulsos. Conclusão? Tudo dá trabalho, talvez mais do que as obras de Santa Engrácia, portanto, repito: aquela bodega não funciona.
Comentários