O caso do homicídio de uma professora do Montijo está a chocar Portugal. Primeiro, pelos contornos macabros, tendo sido o corpo encontrado mutilado e carbonizado, depois, por os autores confessos do crime terem sido a filha e o genro da senhora de 59 anos. Se um genro matar a sogra pode ser algo normal no imaginário de todos, a filha acabar com a vida da mãe é mais raro. É bom para a igualdade, equilibrando assim o rácio de homens e mulheres psicopatas.
Chamar-lhes psicopatas talvez seja um elogio, porque, normalmente, estes são inteligentes e dificultam o trabalho da polícia, pois é raro cometerem erros. Já estes psicopatas de meia-tigela são burros que nem calhaus. Só para verem o nível de burrice desta gente, enquanto transportavam o corpo na bagageira do carro, pararam numa bomba para comprar gasolina e um isqueiro. Burros. Nem compraram tabaco e uma chamuça para disfarçar. É o mesmo que ir ao Pingo Doce comprar uma faca, lixívia, papel de celofane, sacos do lixo e um pepino grande: dá um bocado nas vistas e deixa os empregados desconfiados.
Depois, incendiaram o corpo numa mata, criando um foco de incêndio que levou os bombeiros a serem chamados e os burros ainda se esqueceram dos óculos da senhora e decidiram deitá-los no lixo de casa. Esqueceram-se, também, de limpar os ténis cheios de terra. Tudo isto poderia jogar a favor deles já que prejudicaria a tese de homicídio planeado, mas o facto de terem drogado a senhora antes de a mataram com um martelo, mostra que tudo terá sido premeditado, mas a inteligência não deu para pensar em tudo. Fico chocado com isto! Uma coisa é gente má e desumana, isso é normal, agora gente burra a este ponto faz-me perder a fé na humanidade. Proponho que se faça um documentário na Netflix ao estilo “O génio do mal”, mas neste caso “Os burros do mal”.
É de realçar que se tratava da filha adoptiva da senhora; acho relevante, não por achar que quem é adoptado tem mais probabilidade de sair maluco, mas porque acho o cúmulo da ingratidão matar alguém que, por vontade própria e não porque o marido não tirou a tempo, decidiu ser mãe de uma criança que tinha sido abandonado por terceiros. No entanto, tomemos o lugar do advogado do Diabo, por instantes, e especulemos: e se esta mãe abusava da filha desde pequena, será que não mereceu um bocadinho o que lhe aconteceu? Não me parece ter sido o caso, mas é certo que se isso fosse verdade a nossa empatia pelos homicidas seria diferente e até os compreendíamos. Também pode ter sido tudo um mal-entendido, já que o genro se chama Iuri Mata e a mulher pode tê-lo chamado pelo nome completo e ele interpretou como um comando de ataque como se de um cão se tratasse, bem mandado e amestrado.
Sempre que vejo estes casos, em que um casal comete um crime horrendo, a primeira coisa que me vem à cabeça é: como é que esta gente se conhece? Não acredito em almas gémeas, mas estes casos abalam essa minha convicção. Numa altura em que aquele programa de casamentos à primeira vista faz furor – com estreia em Portugal em breve – e em que especialistas analisam os genes e personalidades para criar casais altamente compatíveis, o acaso ou o destino conseguiu juntar dois psicopatas. Será que existe algum Tinder com filtros especiais em que podemos apenas pesquisar por gente maluca? E o grau de intimidade que é necessário no casal para existir um à vontade para discutir a possibilidade de praticar este tipo de crimes? Já os imagino aninhados no sofá a comer gelado enquanto vêem uma comédia romântica:
- Amor, estive aqui a pensar numa coisa que gostava de fazer…
- O quê?
- Ah, não sei se diga…
- Oh, diz lá, fofuxa.
- Oh, tenho vergonha, vais achar parvo.
- Não vou nada, diz lá, se tu queres eu também vou querer.
- Então, tinha pensado em matar e mutilar a minha mãe!
- Não acredito… parece que me leste os pensamentos! Fomos mesmo feitos um para o outro.
O amor é lindo. Já dizia Rui Veloso que não se ama alguém que não ouve a mesma canção.
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Para ver: Synecdoche, New York
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