Em março, ei-lo: o plano de desconfinamento

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Marcelo Rebelo de Sousa já ontem tinha feito um apelo aos portugueses: não se "confunda estudar e planear com desconfinar". E isto porque era preciso passar uma mensagem clara: é cedo para aliviar as restrições. A razão para o Chefe de Estado é simples: "ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano".

Ora, hoje, António Costa seguiu o guião lançado pelo Presidente e comunicou à nação que as medidas em vigor vão permanecer inalteradas nos próximos quinze dias (poderá recordar quais aqui) porque "este, infelizmente, não é ainda o tempo do desconfinamento". A mensagem do primeiro-ministro desta sexta-feira teve três pontos a ter em conta.

  1. As medidas são as mesmas;
  2. O Governo vai apresentar o Plano de Desconfinamento no próximo dia 11 de março;
  3. O desconfinamento vai começar pelas escolas.

O que disse o governante sobre cada um deles:

1.  "Nós estamos melhor relativamente à pior situação que alguma vez vivemos nesta pandemia. Mas, se compararmos, por exemplo, o número de novos casos que hoje temos com o número de novos casos que tínhamos em 15 de setembro, quando declarámos o estado de contingência, ou se compararmos com os novos casos diários a 4 de maio, quando iniciámos o desconfinamento da primeiro vaga, verificamos que hoje ainda temos um número de casos que é mais de quatro vezes superior quando iniciámos o desconfinamento da primeira vaga", realçou.

2. "O compromisso que eu quero aqui assumir é que dentro de 15 dias, no dia 11 de março, nós apresentaremos o plano de desconfinamento do país. Tal como fizemos há um ano será seguramente um plano de desconfinamento gradual, que progressivamente irá abranger sucessivas atividades. E, tal como há um ano, será guiado por um conjunto de critérios objetivos que nos permitam ir medindo aquilo que é a evolução da pandemia", inteirou o primeiro-ministro.

3. "Quanto às escolas, é sabido que o Governo resistiu o mais que pôde à necessidade de encerramento das escolas, porque temos bem consciência do custo elevadíssimo que tem para o desenvolvimento da personalidade das crianças, para o seu processo de aprendizagem e é um dos maiores fatores de desigualdade no conjunto destas medidas", afirmou. Tendo sido a "última medida" tomada pelo executivo para o confinamento em vigor, o primeiro-ministro admitiu: "é natural que seja também a primeira medida que venhamos a tomar seja iniciar o desconfinamento pelas escolas".

Mas nem só destes momentos se fez a comunicação do primeiro-ministro. Porque a mensagem, tal como já o tinha feito Marcelo, foi de que os números recentes dos últimos dias são animadores mas é preciso não ficar iludido com a situação. Aliás, António Costa referiu mesmo que se vive "uma fase perigosa" e de "ilusão" porque há quem pense que "o pior já está totalmente ultrapassado".

"Neste momento vivemos numa fase perigosa que é haver a ilusão de que o pior já está totalmente ultrapassado e que não corremos o risco de regredir. Se há algo que todos temos que nos empenhar é não regredir relativamente aquilo que tão duramente tem sido conquistado com o sacrifício dos portugueses ao longo destas semanas", alertou António Costa, explicando que o "famoso" Rt subiu ligeiramente de 0,66 para 0.68.

O chefe do Governo salientou ainda que há dados que mostram que o confinamento voluntário tem vindo a diminuir. "Há dados que demonstram que há uma maior mobilidade, como se vê o Rt teve uma ligeira subida, há uma ligeira desaceleração da redução do número de casos", sublinhou.

Mas se Marcelo falou em desconfinamento até à Páscoa, António Costa adiantou apenas que trará novidades a 11 de março. Se isso quer dizer que há divergência entre os dois? O primeiro-ministro diz que não. Admite que "muitas vezes" não partem "do primeiro ponto de vista idêntico", mas que ainda assim chegam sempre "à mesma conclusão".

E a conclusão, por agora, é que ainda não é tempo para desconfinar.

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