Macacos mordam a campanha

Rita Sousa Vieira
Rita Sousa Vieira

"Macacos me mordam" se esta não é uma das expressões desta campanha eleitoral.

António Costa disse-a na passagem da campanha socialista por Aveiro — "Macacos me mordam se não somos capazes de ir buscar não só o que já decidimos, como os mais 2.300 milhões de euros que podemos ir buscar" —, referindo-se ao Plano de Recuperação e Resiliência (a famosa "bazuca").

A frase fez ricochete depois de outro momento da campanha socialista, desta vez em Coimbra. Na cidade dos estudantes, o secretário-geral do PS prometeu que não levará "mais de três semanas” depois das eleições autárquicas a resolver os problemas que têm impedido a construção da nova maternidade.

Rui Rio ficou "chocado" com o "descaramento" do primeiro-ministro.

"Em 2015, quando António Costa foi primeiro-ministro já existia [a reivindicação], a doutora Marta Temido foi candidata por Coimbra, promete a maternidade e não realiza maternidade nenhuma, e agora vêm falar em três semanas? Podia parafrasear António Costa e dizer: macacos me mordam se isto é verdade (…) Eu acho que os macacos vão mesmo morder", criticou o líder do PSD.

Aproveitamento do PRR pelo PS na campanha? O eurodeputado do PSD Paulo Rangel, durante o debate do estado da união, com Ursula von der Leyen, em Estrasburgo, acusou o primeiro-ministro de fazer propaganda eleitoral com o dinheiro europeu.

E Rui Rio concorda (com aquele que poderá vir a disputar o seu lugar na liderança dos sociais democratas). "O primeiro-ministro, o PS não têm feito outra coisa que não chegar aos diversos concelhos e dizer que têm não sei quantos milhões para ali", afirmou em Portalegre.

Mas o que diz a Comissão Nacional de Eleições (CNE)?

O semanário Expresso contactou a CNE sobre este tema e fonte oficial admitiu que esta questão se “enquadra no âmbito dos poderes de escrutínio da Comissão”, mas ressalva que este organismo só pode agir mediante a receção de queixas.

"Independentemente do sentido que viesse a ter uma decisão”, explica ao Expresso João Tiago Machado, porta-voz da CNE, este caso “poderia enquadrar-se no âmbito dos deveres de neutralidade e imparcialidade dos titulares de cargos públicos”.

No entanto, e à Renascença, a mesma fonte diz que "até agora, a CNE não recebeu qualquer participação" neste sentido — ainda que a comissão tenha registado 675 queixas e 55 pedidos de parecer até 12 de setembro.

João Machado explicou que "a CNE apenas age quando recebe queixas, porque não tem meios para investigar autonomamente".

Coisa que o PSD (e o CDS-PP) já disseram que não vão fazer.

"Não vale a pena fazer a queixa, está feita, a CNE na prática já disse que temos razão, agora o que quero é que os eleitores castiguem e digam aos políticos que não vale a pena andarem a prometer o que não vão cumprir", respondeu hoje Rui Rio.

E o que dizem os outros partidos?

Catarina Martins "ouviu" a CNE e deixou uma farpa a Rui Rio. A coordenadora do BE disse compreender que o presidente social-democrata "não tenha muita proposta para fazer nestas eleições e, portanto, fale de outra coisa qualquer". Já o PAN diz que "é natural que todos falemos do PRR, não pode é servir como arma política para capturar ou ganhar autarquias".

E assim termina a primeira semana oficial de campanha, que se iniciou (de forma oficial) apenas esta terça-feira.

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